“Estamos sempre a fazer o que precisa de ser feito. É terrível o problema em Manaus. Agora, nós fizemos a nossa parte. com recursos, meios”, afirmou o Presidente à saída do Palácio da Alvorada, a residência oficial em Brasília.
Um dia após o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, admitir o “colapso” da rede de saúde de Manaus, que atravessa uma grave crise por falta de oxigénio depois de registar um recorde no número de internações por covid-19, Bolsonaro mencionou também o trabalho das Forças Armadas para levar suprimentos ao Amazonas, estado do norte do país, cuja capital é Manaus.
“Hoje, as Forças Armadas deslocaram para lá um hospital de campanha. O ministro da Saúde esteve lá segunda-feira e forneceu oxigénio”, acrescentou Bolsonaro, um dos chefes de Estado mais céticos em relação à gravidade da pandemia, que já deixa mais de 207 mil mortos e 8,3 milhões de infetados no país.
O caos vivido na capital amazonense e as cenas de correrias em hospitais, médicos desesperados e exaustos, cemitérios lotados e familiares de pacientes implorando por oxigénio ou comprando no mercado negro, causaram comoção e intensa mobilização em todo o Brasil, com o Governo colocando à disposição aeronaves militares para transporte de pacientes e de material hospitalar.
Na noite de quinta-feira, o Governo venezuelano colocou “imediatamente à disposição” do Amazonas oxigénio para fazer face à situação de emergência nos hospitais da região.
Também vários políticos, artistas e clubes desportivos brasileiros unirem-se em apelos e doações para ajudar os pacientes internados naquelas unidades de saúde, que entraram em colapso.
O ‘ýoutuber’ Whindersson Nunes, a atriz Tata Werneck, e os cantores Marília Mendonça e Wesley Safada~o foram alguns dos artistas que anunciaram a doação de cilindros de oxigénio para Manaus.
Diante da situação de colapso, o vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, disse hoje aos jornalistas que o executivo está a fazer “além do que pode” e citou os problemas logísticos da região.
“O Governo está a fazer além do que pode, com os recursos de que dispõe”, disse o vice-presidente, acrescentando que “as coisas não são simples” devido aos desafios logísticos daquele estado amazónico.
“Manaus é a cidade mais populosa da Amazónia e onde só se chega de barco ou avião. Portanto, qualquer manobra logística para aumentar o abastecimento exige meios”, acrescentou.
Mourão negou, no entanto, que haja falta de planeamento logístico do Executivo para o fornecimento de oxigénio e outros materiais essenciais.
“Não havia como prever o que está a acontecer em Manaus, com essa nova estirpe, totalmente diferente do que havia ocorrido no primeiro semestre”, argumentou, referindo-se a uma nova variante do coronavírus detetada no Amazonas e cujo potencial de transmissão pode ser muito maior, segundo suspeitam cientistas.
Com 2,2 milhões de habitantes, Manaus registou na quinta-feira o recorde de 254 novas internações por covid-19, o maior número desde o início da pandemia, que agravou o colapso da saúde em um estado, que acumula 223.360 infeções e 5.930 mortes devido à covid-19.
Além disso, cerca de 400 pacientes aguardam por uma cama em hospitais, enquanto os enterros diários continuam a bater recordes diários.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.994.833 mortos resultantes de mais de 93 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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