"Cirurgia concluída com sucesso!", publicou a ex-primeira-dama, após mais de 11 horas de operação. Segundo o hospital DF Star, Bolsonaro foi submetido "ao procedimento cirúrgico de laparotomia exploradora para a liberação de aderências intestinais e reconstrução da parede abdominal".

A cirurgia começou ainda de manhã. Uma dezena de apoiantes de Bolsonaro aguardaram por notícias na entrada do hospital, entre eles Maurilio Borges Bernardes, com 84 anos, que oferecia seu apoio "moral e espiritual". "Vai sair dessa, com certeza", disse o empresário, que vestia uma camisa verde e amarela e chapéu de cowboy com um adesivo de Bolsonaro.

Michelle havia pedido no Instagram que os seguidores do seu marido rezassem por ele, e ressaltado que, segundo a equipe médica, a operação seria longa.

"Essas cirurgias se tornam delicadas (...) Você tem que ter calma, paciência, para desfazer essas aderências", explicou à AFP Camila Beltrão, especialista em cirurgias no aparelho digestivo. "Toda vez que um paciente é reoperado, tem mais chances de formar novas aderências."

Bolsonaro chegou a Brasília ontem à noite, a bordo de um avião com equipamento médico procedente de Natal. A viagem ao Nordeste foi planeada duas semanas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) tornar Bolsonaro réu por suposta tentativa de golpe de Estado.

Até ontem, a decisão sobre operar Bolsonaro não tinha sido tomada, embora ele mesmo tenha considerado provável que isso pudesse acontecer.

Dor e desconforto

Bolsonaro foi esfaqueado no meio de uma multidão durante a campanha presidencial de 2018. Um mês e meio depois, venceu a eleição presidencial, mas, como consequência do ataque, teve que passar por várias cirurgias.
Ontem, publicou nas redes sociais: "Depois de tantos episódios semelhantes ao longo dos últimos anos, fui-me acostumando com a dor e com o desconforto. Mas, desta vez, até os médicos se surpreenderam."

Bolsonaro é acusado de ter tramado uma conspiração, envolvendo colaboradores próximos, incluindo ex-ministros e altos oficiais militares, para permanecer no poder após as eleições de 2022, que perdeu no segundo turno para seu rival, o presidente Lula da Silva.

Declarado inelegível até 2030 pelos ataques sem comprovação à fiabilidade do sistema de voto eletrónico, Bolsonaro ainda se agarra à possibilidade de ter essa condenação anulada ou reduzida para poder concorrer à presidência em 2026.

Lula, com 79 anos, ainda não decidiu se vai concorrer à reeleição. A sua popularidade caiu, pressionada pela inflação, e os problemas de saúde recentes. Em dezembro, o presidente passou por uma cirurgia de emergência para remover um hematoma causado por sangramento perto do cérebro após uma queda.