O Serviço Nacional de Saúde (SNS) “tem falta de meios”, mas há recursos “no setor social e privado que podem e devem ser envolvidos”, disse o antigo ministro (PSD) aos jornalistas após uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Luís Filipe Pereira disse que em relação à pandemia a situação é hoje mais grave do que em março passado e que “se vai tornar ainda mais grave nos tempos próximos”, com aumento de pessoas infetadas, com uma situação e “descontrolo” quanto a esses números, e com a resposta dos hospitais a começar a atingir o limite.
Por isso defendeu uma “estratégia global”, para lutar contra a covid-19, mas também que tenha em conta os doentes não relacionados com a pandemia.
É que, justificou, o sucesso da abordagem para a covid-19 de março para que o SNS “não colapsasse” não se pode repetir, quando esse sucesso dependeu de um confinamento total e de uma concentração dos serviços de saúde na luta contra a pandemia. E acrescentou que desde essa altura não se resolveram os problemas dos doentes não-covid, sobretudo os doentes crónicos.
“Não podemos confinar totalmente e não podemos continuar a não dar resposta aos doentes não covid-19”, afirmou.
Essa estratégia que propõe, além de contar com os meios do setor social e privado, pode passar por confinamentos seletivos, sendo necessário perceber as causas dos contágios e cruzar com informações geográficas.
É certo, disse o antigo ministro, que a população pode resistir a esses confinamentos, mas o Governo tem obrigação de dar uma informação que chegue às pessoas, o que nem sempre tem acontecido, disse.
E acrescentou que da estratégia que defendeu perante o Presidente da República faz parte também a “testagem massificada”, identificar cadeias de transmissão e isolar. E, avisou, agir de forma muito rápida.
Além de Luís Filipe Pereira, o Presidente da República ouve hoje Ana Jorge e Fernando Leal da Costa, também antigos ministros da Saúde.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 43 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.316 pessoas dos 118.686 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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