“A situação no Algarve é preocupante. Tivemos um aumento de pedidos de ajuda no início da pandemia, passando de 16 mil para 24 mil pessoas, e desde há umas três, quatro semanas os pedidos aumentaram”, com 25 mil pessoas a receber agora apoio, revelou à Lusa o presidente da estrutura, Nuno Alves.
Segundo aquele responsável, a expectativa é “das piores possíveis”, já que o encerramento das unidades hoteleiras e restaurantes na região poderá acontecer “ao longo das próximas semanas” com a consequente necessidade de haver mais pessoas a precisar de apoio.
Nuno Alves conta que são muitas vezes os próprios hotéis que, ao encerrarem, contactam o Banco Alimentar para uma “recolha dos excedentes” de forma a que possam ser distribuídos por quem deles necessitar.
As consequências económicas e sociais da pandemia de covid-19 trouxeram não só uma maior procura por apoio alimentar, mas também uma desafio na procura de donativos, já que não foi possível realizar as duas habituais campanhas anuais nos supermercados.
Como a próxima campanha está marcada só para “maio do ano que vem”, Nuno Alves reconhece a necessidade de uma gestão rigorosa durante este ano com “os recursos possíveis e existentes”.
“Se os números subirem exponencialmente outra vez, acredito que vai ser muito complicado ter capacidade de resposta e apoiar todos os pedidos de ajuda. Até agora essa situação não aconteceu", refere.
A duplicação do apoio por parte do Estado e da Segurança Social ao abrigo de um programa operacional de apoio a carenciados prevista “até abril” do próximo ano, permite a distribuição “do dobro dos alimentos” à população necessitada, centrando a atenção na angariação de verbas por parte do BA.
Sem a possibilidade de fazer campanha em loja, Nuno Alves apelou à “mobilização de todos” para as campanhas que permitem comprar vales que revertem a favor do Banco Alimentar ou de doação ‘on-line’, que vão decorrer no final de novembro, princípio de dezembro.
“Sem essa ajuda vai ser muito difícil fazer o nosso trabalho até maio do ano que vem”, alerta.
Também a Refood em Faro viu aumentar nas últimas semanas os pedidos de ajuda alimentar às famílias, a quem já teve de começar a recusar apoio por falta de capacidade de armazenamento, segundo disse à Lusa a sua coordenadora.
“Deixámos de dar resposta há uma semana e meia, temos onde ir buscar mais comida mas não temos onde os armazenar. O que precisamos efetivamente é de um espaço porque temos condições para ajudar mais famílias, temos comida e mão-de-obra”, lamentou Paula Matias.
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