A partir das oito horas deste domingo, todos os doentes que fiquem internados no Hospital de São João, no Porto, serão testados ao novo coronavírus (SARS-CoV-2), responsável pela doença covid-19. Quer sejam doentes urgentes ou. Internados de forma programada, todos passam a ser alvo do rastreio sistemático.
Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) justifica a decisão com “o risco associado ao eventual contágio de doentes e profissionais por utentes eventualmente infetados, embora assintomáticos”. A medida é “de caráter excecional” e deverá manter-se “enquanto a situação epidemiológica o justificar”, adianta aquela unidade hospitalar.
Segundo a norma a que o SAPO24 teve acesso, estão abrangidos os doentes admitidos através do serviço urgência, os admitidos de forma programada e os doentes transferidos de outros hospitais. As medidas aplicam-se também aos doentes das áreas pediátrica e obstétrica.
Para os internamentos de doentes que venham das urgências, o CHUSJ define que os pacientes devem ficar “sob precauções de contacto e gotícula”, em salas específicas, enquanto aguardam os resultados dos testes. Os profissionais de saúde devem usar equipamentos de proteção individual.
As análises são consideradas prioritárias, para que o doente possa ser transferido para o serviço adequado.
No caso dos doentes que precisam de cirurgia urgente, ficam isolados nas urgências. Caso a situação possa aguardar os resultados dos testes, serão internados no respetivo serviço, “mas ficarão fisicamente em enfermaria própria para o efeito” até à cirurgia, define a norma.
Caso o resultado seja negativo, o doente passa para o respetivo serviço de internamento. Em caso de resultado positivo, ainda antes da cirurgia, os doentes “deverão ser avaliados pelo médico assistente, com a colaboração do Serviço de Doenças Infeciosas, se indicado, para decisão clínica.”
A partir daí, “a cirurgia deverá decorrer em sala específica covid-19 do Bloco Operatório”, que já está identificada no plano de contingência do São João. Após a intervenção, o doente positivo fica internado numa área dedicada.
Os doentes que cheguem de outros hospitais serão também rastreados, caso não o tenham feito na instituição de origem. Ficam na mesma área prevista para os doentes urgentes, nos casos não cirúrgicos, ou numa enfermaria própria para os casos cirúrgicos, enquanto aguardam o resultado do teste.
O procedimento é semelhante para os doentes não cirúrgicos que cheguem ao São João de forma programada.
Doentes com cirurgias programadas são internados 24 horas antes
Os doentes com cirurgias programadas no CHUSJ passam a ser admitidos um dia antes do momento previsto para a cirurgia, “de forma a permitir o conhecimento atempado do resultado do rastreio”.
Estes pacientes ficarão numa enfermaria própria, sob precauções de contacto e gotícula enquanto esperam pelos resultados do teste. Em caso negativo, seguem para o respetivo serviço, sendo o recobro também aí feito.
Nos casos positivos, os médicos tomarão a decisão sobre a cirurgia. Os procedimentos cirúrgicos inadiáveis serão realizados na sala covid-19 do bloco operatório, sendo o recobro feito também numa zona específica.
Grávidas e crianças também serão testadas
As grávidas que tenham de ser internadas no São João também serão testadas. Após o parto, as mães com resultado positivo ficam no internamento de adultos covid-19.
No caso dos internamentos programados, as grávidas devem fazer o teste com 24 horas de antecedência.
No caso dos doentes pediátricos, os procedimentos são semelhantes aos previstos para os adultos, havendo uma área onde devem aguardar o resultado dos testes.
Na Pediatria Oncológica e na Medicina Intensiva Pediátrica, os doentes são internados diretamente no respetivo serviço, onde haverá áreas específicas para aguardarem o resultado dos testes ao SARS-CoV-2.
Em caso positivo, as crianças que pertençam à área de referência do CHUSJ ficam internados na zona covid-19 da pediatria. Os restantes, serão transferidos para os hospitais da respetiva à rua de residência, define o plano.
Norte conta com mais casos e mais mortes
Nesta altura, segundo os dados da DGS, divulgados ao início desta tarde, a região norte continua a ser aquela que regista mais casos de doença (3.035) e mais óbitos (44).
O relatório da situação epidemiológica em Portugal, com dados atualizados até às 24:00 de sexta-feira, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortes (44), seguida da região Centro (28), da região de Lisboa e Vale do Tejo (27) e do Algarve (1).
No total nacional, contam-se agora 5.170 casos confirmados e 100 óbitos. Mais de metade (58) das mortes associadas à covid-19 são de pessoas com mais de 80 anos.
A covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.
Portugal, onde o primeiro caso foi confirmado a 02 de março e que está em estado de emergência até quinta-feira, entrou já na terceira e mais grave fase de resposta à doença covid-19 (Fase de Mitigação), ativada quando há transmissão local, em ambiente fechado, e/ou transmissão comunitária.
Detetado em dezembro de 2019, na China, o novo coronavírus já infetou mais de 600 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 28 mil.
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