“Uma das coisas que temos sentido nesta fase, em que há uma grande preocupação lícita em relação a esta infeção viral que está a afetar todo o mundo, é que tem havido muita desinformação”, disse à agência Lusa o secretário-geral da OMA, Mário Morais de Almeida.
“Quando se ouve cuidado não se pode fazer anti-histamínicos, anti-inflamatórios, as pessoas tendem a parar as medicações, tendem a duvidar, e daí o reforço que nós fazemos para que contactem os profissionais de saúde”, disse o alergologista.
Neste momento, defendeu, a medicação tem que ser “uma coisa quase obsessiva. Tem que ser uma obrigação começar a controlar a rinite, controlar a asma, porque senão a evolução vai ser mais desfavorável” no caso de ficar infetado o novo coronavírus.
“Se um alérgico está mais suscetível, então, o efeito de uma infeção viral ainda vai ser pior porque associam-se dois agentes de agressão”, alertou.
Os médicos continuam na linha da frente a dar apoio aos seus doentes com contactos remotos, tentando ajudar pessoas que já têm problemas crónicos e insistido muito para que comecem a fazer a sua medicação, reiterou.
Quando percebem que alguns doentes possam ter uma infeção viral, provavelmente com o novo coronavírus, reencaminha-os para a Linha SNS24.
“Da experiência e da informação que já temos do que se passou na ásia, nomeadamente na China e na Coreia, e de alguma informação que também já vem da Europa, defende-se que os asmáticos e os alérgicos são pessoas de risco para estas infeções, mas quando estão controlados felizmente as evoluções têm sido boas”, adiantou.
Questionado se numa altura em que começa a época das alergias, as pessoas podem confundir os sintomas da alergia com os do novo coronavírus, Mário Morais de Almeida disse que as pessoas conhecem os sintomas da alergia, mas “neste momento a pressão e a preocupação é tão grande que às vezes perdem um bocadinho essa noção”.
“A pessoa perde um bocadinho a própria noção de se lembrar o que tem acontecido nos últimos tempos e fica só focada na possibilidade de estar como uma infeção, mas a mensagem é mesmo recordar o que tem acontecido nos últimos anos e fazer a medicação e cumprir os programas terapêuticos”, salientou.
O especialista recorda que numa infeção viral, respiratória, “as queixas são mais limitadas no tempo e associam-se a febre e dor de garganta”.
No caso das alergias, as queixas vão-se instalando. “Começa a ser a comichão nos olhos, no nariz, o espirro, a secreção, o nariz começa a ficar mais tapado e aí aparece a tosse, que se vai agravando, associada à falta de ar, pieira”.
Apesar de se viver uma “época de emergência”, “as pessoas têm que se manter minimamente ativas e controlar os seus problemas de saúde porque senão é que é desastroso, o efeito do vírus é muito pior”.
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