De acordo com os dados divulgados na reunião de avaliação da pandemia realizada hoje no Infarmed, e que se basearam em questionários ‘online’ elaborados a cada 15 dias, na última quinzena a frequência da testagem ganhou relevância.
Os números, apresentados por Andreia Leite, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP-NOVA), indicam que a percentagem de pessoas que reconheciam nunca ter feito um teste baixou de quase 50% na quinzena 11-24 de dezembro para menos de 30% entre 25 de dezembro e 03 de janeiro.
O motivo mais apontado para a frequência da testagem foi a proteção de família e amigos, segundo os dados da ENSP, que indicam ainda que foi no grupo dos maiores de 65 anos que se verificou um menor recurso à testagem.
Durante a apresentação que fez, Andreia Leite deu igualmente conta de relatos de dificuldades em realizar testes (40% dos participantes no questionário), sobretudo por não ter encontrado testes disponíveis para comprar (autotestes) ou não ter conseguido agendar teste, com uma maior frequência destas respostas entre 25 de dezembro e 03 de janeiro.
Ainda no que refere à testagem, os dados apresentados indicam que 67% das pessoas com rendimentos inferiores a 650 euros reportam menor recurso à testagem.
Quanto à perceção de risco, aumentou nas últimas quinzenas, mas ainda assim ficou abaixo do nível atingido em épocas festivas passadas, com 64% dos que responderam a considerarem ter um risco moderado ou elevado de serem infetados com covid-19 (72% na época festiva passada).
“A vacinação, os dados sobre severidade e a própria familiaridade com a situação pandémica explicarão este menor alarme em relação a períodos com menos casos”, afirmou a especialista.
Andreia Leite destacou igualmente a intenção manifestada de adotar cuidados especiais nesta época festiva, com 96% de respostas neste sentido entre 11 de dezembro e 03 de janeiro.
Quanto ao tipo de medidas a adotar nesta época festiva, os portugueses apontaram a testagem prévia aos encontros familiares (7,1%), o arejamento dos espaços (mais de 50%), a limitação de pessoas reunidas e a garantia de que todas tinham esquema vacinal atualizado.
Andreia Leite reconheceu “limitações nestes dados”, mas sublinhou que tem havido uma evolução da perceção de risco, o que é “coerente com o agravamento da situação epidemiológica”.
A especialista salientou igualmente a necessidade de as autoridades disponibilizarem mensagens consistentes, em particular no que se refere aos comportamentos a seguir em caso teste positivo, “sobretudo num contexto de mudança nas normas e de dificuldade de resposta atempada dos serviços”.
No que se refere ao uso da máscara (sempre) em espaços fechados, os dados da ENSP indicam que, após um período de redução generalizada na adesão a medidas de proteção, houve “alguma recuperação, com nova quebra na última quinzena”.
No caso da utilização de máscara em espaços fechados, “verificou-se uma recuperação para níveis semelhantes aos do final do verão, mas na última quinzena atestou-se novamente uma redução”.
Registou-se também uma quebra na utilização de máscara em contexto de socialização, com cerca de um quarto dos participantes a reportar usar sempre máscara quando esteve próximo de pessoas não pertencentes ao agregado familiar (27,5%) e em convívios de grupo (25,2%), dados que, segundo ENSP, refletem os convívios familiares do período de festas.
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