Joaquim Morão, empresário e ex-autarca socialista de Idanha-a-Nova e Castelo Branco, foi contratado entre 2015 e 2016 para apoio na gestão e coordenação de obras da Câmara Municipal de Lisboa (quando era presidente Fernando Medina, atual ministro das Finanças). O seu nome é um dos que está a ser investigado pelas autoridades judiciais, que em janeiro fizeram buscas no departamento de Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa.
Segundo informações a que a Lusa teve acesso, logo na sequência das notícias que vieram a público, a Caixa Central do Crédito Agrícola abriu o processo de reavaliação da idoneidade de Joaquim Morão, já que este é presidente do Conselho de Administração da Caixa Agrícola da Beira Baixa Sul.
Contactado pela Lusa, o Crédito Agrícola diz que está a acompanhar o tema e a avaliar as medidas a tomar.
“A Caixa Central confirma que está, em articulação com a sua associada Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Beira Baixa (Sul), a acompanhar esse processo, de modo a que possam ser tomadas todas as medidas que sejam em concreto necessárias em função do disposto na lei”, afirmou fonte oficial.
A idoneidade avalia a conduta de uma pessoa e se, perante isso, a qualifica para administrar um banco.
No caso do grupo Crédito Agrícola, a supervisão das Caixas (os bancos locais que integram o grupo) compete à Caixa Central (não ao Banco de Portugal).
Segundo o jornal regional Reconquista, Joaquim Morão tomou posse em maio de 2022 para um novo mandato à frente da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Beira Baixa, que terminaria em 2024. Em 2021, essa Caixa teve 2,3 milhões de euros de lucro.
Em janeiro, numa nota enviada à Lusa, o ‘histórico’ socialista disse não ter praticado qualquer ato ilícito no âmbito da prestação de serviços de consultadoria à Câmara de Lisboa, manifestando total disponibilidade para colaborar com a investigação.
Em declarações aos jornalistas, Fernando Medina disse que a escolha de Joaquim Morão para apoio técnico na gestão e coordenação de obras municipais em Lisboa foi sua, que o contrato foi por ajuste direto (não por concurso) e que não se arrepende pois "só uma equipa muito profissional foi capaz de assegurar que as obras se realizassem com o menor transtorno possível".
Por seu lado, a Procuradoria-Geral da República disse há Lusa que, no processo, foram constituídos arguidos três sociedades e os respetivos representantes legais, mas sem acrescentar mais informação.
Na semana passada, o Chega requereu a presença no parlamento do ministro das Finanças, Fernando Medina, do antigo autarca socialista Joaquim Morão e da antiga diretora de Projetos e Obras da Câmara de Lisboa Helena Bicho.
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