Em plena pandemia de covid-19, mais de oito mil alunos do 4.º ano foram chamados a realizar uma prova internacional para avaliar a literacia em leitura, tendo conseguido subir na tabela que compara os seus resultados com estudantes de outros países.
Os portugueses surgem em 22.º lugar numa lista de 43 países que participaram no Progress in Internacional Reading Literacy Study (PIRLS 2021), hoje divulgado pela agência independente International Association for the Evaluation of Educational Achievement (IEA). Isto significa que Portugal subiu ligeiramente em relação a 2016, quando ficou em 30.º lugar numa lista de 50 participantes.
Além das contingências de ter sido realizado durante a pandemia, o PIRLS 2021 marcou uma transição das provas em papel para o digital, sendo que em Portugal realizaram-se os dois modelos: 6.111 alunos fizeram provas digitais e outros 2.098 testes em papel.
No entanto, os resultados dos dois formatos revelaram realidades diferentes. As crianças que fizeram a prova em papel melhoraram ligeiramente em relação a 2016 (subida de três pontos), mas nas provas digitais os resultados médios baixaram oito pontos (numa escala de zero a mil).
Em declarações aos jornalistas, o ministro da Educação preferiu focar-se primeiro na “ligeira melhoria nos resultados da leitura em papel”: “Estamos contentes com esta curva, voltámos a subir”.
Em Portugal, o PIRLS realizou-se no final do ano letivo de 2021, após o segundo confinamento, e, para João Costa, o estudo hoje divulgado confirma os resultados das provas de aferição do ano passado e atesta “o trabalho que as escolas têm vindo a fazer na pandemia”.
O ministro reconheceu também o “pior desempenho nas provas em formato digital”, atribuindo parte das responsabilidades à forma como foi desenhada a prova: Foi feita uma “mera transposição” da prova em papel para o digital e não um teste de raiz, criticou João Costa.
Segundo o responsável, as provas digitais não permitiam, por exemplo, visualizar em simultâneo o texto e as perguntas, ao contrário do que acontece com as provas em papel.
A ideia foi corroborada pelo presidente do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) que deu como exemplo os longos textos, “ocupando duas ou três páginas”, que faziam que quando o aluno acedia às perguntas se abrisse uma caixa que se sobrepunha ao texto.
O ministro garantiu que esta situação foi acautelada nas provas de aferição digitais, que começam hoje, uma vez que foram 100% pensadas para serem feitas no computador.
O presidente do IAVE acrescentou que nas provas de aferição os textos são “muito mais pequenos” e os alunos conseguem trabalhar como se estivessem no papel.
Voltando ao PIRLS, o teste de 2021 apresenta outras particularidades, como o facto de a recolha de dados ter-se prolongado por 22 meses, entre outubro de 2020 até julho de 2022, ocorrendo em três vagas diferentes.
Portugal participou na primeira fase, mas houve quem só conseguisse fazer os testes mais tarde: 14 países realizaram a prova entre agosto e dezembro de 2021 e outros três fizeram-na entre março e julho de 2022.
No total, participaram 57 países e oito regiões e, nesta lista, que o ministério disse ter provas feitas por alunos mais velhos, Portugal surge em 29.º lugar.
O ministro reconheceu que é preciso “continuar o trabalho de literacia digital para reforçar as competências digitais dos alunos” assim como é preciso “continuar a trabalhar, sobretudo, nos níveis de complexidade mais elevados” porque é onde residem as principais dificuldades dos alunos.
O relatório que mostra que há mais alunos portugueses com melhores desempenhos nas provas em papel. A prova divide-se em quatro níveis de desempenho, que vai desde o “desempenho baixo”, passando pelo “Intermédio”, “Elevado” e “Avançado”.
Entre os alunos que fizeram as provas em papel, 40% dos alunos atingiram pelo menos o nível elevado e 9% alcançaram o nível avançado de desempenho.
Nas provas digitais, 36% dos alunos alcançaram pelo menos o nível elevado e 6% atingiram o nível avançado de desempenho.
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