Dirigentes cubanos e as principais instituições, incluindo os media oficiais, utilizaram as redes sociais para recordar a sua obra e figura, com lemas como #Fidelvive e #FidelPorSiempre. Esta última tornou-se numa das referências mais populares no Twitter ao início da manhã de hoje, indicou a agência noticiosa Efe.
O Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, publicou várias mensagens na rede social Twitter onde se referiu em termos elogiosos ao seu legado de quase meio século à frente dos destinos da ilha caribenha.
“Ontem perguntaram-se quando conheci Fidel. Respondi ‘desde que tenho memória’. Muitos anos depois foi meu chefe, mas desde criança que o conheço e gosto dele. Agora, tento seguir os seus passos. Comigo, vai”, escreveu.
O atual chefe de Estado também o recordou na qualidade de Presidente. “No gabinete de Fidel no Palácio da Revolução está tudo como o deixou no último dia que aí esteve. Tento imaginá-lo no meio das duras batalhas de tantos anos desafiantes. Inspira-me, emociona-me. E continuo a lutar”.
Díaz-Canel também difundiu uma mensagem do irmão de Fidel e ex-Presidente, Raul Castro. “Fidel é Fidel, todos o sabemos bem, Fidel é insubstituível e o povo continuará a sua obra mesmo que já não esteja presente fisicamente. Mas sempre permanecerão as suas ideias, que tornaram possível erguer o bastão da dignidade e justiça que o nosso país representa”.
No seu perfil no Twitter, o chefe da diplomacia cubana, Bruno Rodríguez, também reproduziu algumas palavras de Fidel e numa aparente referência à atualidade política do país. “A Revolução é obra da vontade absolutamente maioritária do povo de Cuba e é virtualmente impossível opor-se-lhe”.
Rodríguez assinalou ainda que a sua “lealdade” à revolução cubana é “inquebrantável”, devido ao “exemplo” e à “dignidade” de Fidel.
Para hoje estão previstas diversas cerimónias em Cuba para assinalar a morte do ex-dirigente, com destaque para a inauguração do Centro Fidel Castro, um organismo estatal destinado ao estudo e difusão do seu pensamento e obra.
No entanto, o primeiro ato de homenagem decorreu na noite de quarta-feira com um encontro político-cultural na Universidade de Havana e a participação de centenas de pessoas, incluindo Díaz-Canel.
Natural de Birán (leste de Cuba), onde nasceu em 13 de agosto de 1926, Fidel Castro morreu em 25 de novembro de 2016 aos 90 anos, após governar o país durante quase meio século e converter-se numa das mais conhecidas figuras do século XX.
A sua morte ocorreu uma década após transferir o poder para o seu irmão Raul devido a uma grave doença intestinal. Foi sepultado no cemitério de Santa Ifigenia, na província de Santiago de Cuba.
Fidel Castro liderou em 1959 a revolução que colocou Cuba no centro da política internacional, em particular durante o período da Guerra fria. Durante 47 anos governou o país com uma versão caribenha do comunismo soviético e teve como principal adversário os Estados Unidos.
O aniversário do líder comunista cubano coincide a maior vaga recente de protestos populares em Cuba, em julho deste ano, e acontece 10 dias depois do novo protesto de 15 de Novembro, segundo ONG cubanas dentro e fora do país frustrado pela repressão das autoridades.
O Observatório Cubano de Direitos Humanos (OCDH) registou “mais de 400 ações repressivas” para evitar os protestos dissidentes convocados para 15 de Novembro no país.
Entre as “ações repressivas”, a OCDH afirma que se contam casos de prisão domiciliária com vigilância policial (122), intimações a esquadras policiais (62), ameaças (50), detenções (87), atos de repúdio (14) e cortes nos serviços de Internet (35).
Pelo menos 100 pessoas foram detidas e 131 impedidas de sair de casa durante os protestos dissidentes em Cuba, segundo a plataforma Cuba Decide e o Centro de Denúncias da Fundação para a Democracia Pan-americana (FDP).
Em comunicado, as duas organizações acusaram a polícia cubana e as “brigadas de resposta rápida” de serem responsáveis pelas prisões e detenções “arbitrárias” de manifestantes.
A plataforma Cuba Decide e o FDP instituíram, desde o passado fim de semana, um “centro de monitorização” que registou pelo menos 100 pessoas detidas de forma arbitrária para impedi-las de participar nas manifestações cívicas.
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