Radcliffe, que interpretou o inconfundível feiticeiro Harry Potter na bem-sucedida adaptação cinematográfica dos populares livros de Rowling, diverge frontalmente da escritora no delicado tema da identidade de género.
Rowling tem repetido publicamente que o sexo biológico é imutável, mas Radcliffe, que faz campanha pela comunidade LGBTQIA+, defende que as mulheres trans têm o direito de se identificar como mulheres.
Isso "entristece-me muito", disse Radcliffe à publicação The Atlantic, que divulgou a entrevista esta semana. "Porque olho para esta pessoa a quem conheci, o tempo que passamos, os livros que escreveu, o mundo que criou, e tudo isso é, para mim, tão profundamente empático".
A identidade de género é um tema que divide a opinião pública em muitos países, inclusive na Escócia, onde Rowling nasceu, e nos Estados Unidos, onde Radcliffe atualmente trabalha numa peça de teatro na Broadway.
Rowling argumenta que os defensores dos direitos das pessoas transgénero minam a segurança das mulheres. Como exemplo, mencionou casos em que mulheres trans causaram problemas em balneários, casas de banho e prisões.
Em 2020, Radcliffe, que apoia o Projeto Trevor, uma linha de emergência para a prevenção de suicídio de jovens LGBTQIA+, respondeu a vários dos comentários de Rowling num comunicado em que afirma que as "mulheres transgénero são mulheres".
A imprensa britânica repercutiu esta divisão pública, especialmente porque a saga de Harry Potter faz muito sucesso entre crianças de todo o mundo.
"Muita gente que lida com sentimentos oprimidos, com a rejeição das suas famílias, ou que vive com um segredo, encontrou consolo nesses livros e filmes", disse Radcliffe.
A imprensa britânica tentou caracterizá-lo, assim como os seus colegas Emma Watson e Rupert Grint, que também atuam na série, como "pirralhos mal-criados", disse o ator.
No mês passado, Rowling pareceu atacar novamente os atores, ao responder a um comentário nas redes sociais, sugerindo que ela perdoaria os atores caso pedissem desculpas.
"As celebridades que aderiram a um movimento que pretende minar os direitos das mulheres, conquistados com tanto esforço, e que usam as suas plataformas para aplaudir a transição (de género) de menores, podem guardar as suas desculpas para as mulheres traumatizadas e vulneráveis que dependem de espaços unissexo", escreveu Rowling.
"Vou continuar a apoiar os direitos da comunidade LGBTQ, e não tenho mais comentários a esse respeito", disse Radcliffe ao The Atlantic.
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