Promovida pelo Santuário de Fátima, a exposição da coroa de Nossa Senhora do Rosário de Fátima “é uma oportunidade para fazer memória de uma peça de joalharia dos anos 40 do século XX, cuja relevância extravasa o valor artístico e patrimonial”.

Assim, a coroa vai estar exposta pela primeira vez na Igreja de São Roque, nos dias 7 e 8 de outubro. Desta iniciativa fazem ainda parte duas missas, um colóquio e uma vigília de oração.

A exposição da coroa, que faz uma viagem de Fátima até Lisboa, ocorre no âmbito da 1.ª Bienal de Joalharia Contemporânea de Lisboa que decorre até 20 de novembro, com curadoria de Cristina Filipe e direção artística da PIN - Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea.

Oferecida pelas mulheres de Portugal, numa campanha de recolha de peças de joalharia, em agradecimento à Virgem de Fátima pelo facto de o país não ter tomado parte na II Grande Guerra, a coroa preciosa da Imagem de Nossa Senhora de Fátima é uma criação da Casa Leitão & Irmão, Antigos Joalheiros da Corôa. Embora tenha sido oferecida em 1942, só após o término da guerra foi colocada na escultura, em 13 de maio de 1946.

“A peça é composta por 8 gomos que se juntam para suportar a esfera que se faz símbolo do orbe terrestre, rematada por cruz cujo braço transversal sustenta dois pendentes. Na base, os gomos são circundados por estrutura à maneira de diadema, ornada com motivos fitomorfos cravejados de brilhantes”, pode ler-se numa descrição do Santuário de Fátima.

O jornal oficial do Santuário, por altura da oferta desta peça, descrevia deste modo a coroa: “A coroa pesa 1.200 gramas. Nela refulgem 950 brilhantes de 76 quilates, 1.400 rosas de 20 quilates, 313 pérolas, 1 esmeralda ronde de 3,97 quilates, 13 esmeraldas pequenas, 33 safiras, 11 rubis, 260 turquesas, 1 ametista e 4 águas-marinhas. Total: 313 pérolas e 2.650 pedras”.

créditos: Santuário de Fátima

Contudo, apenas em 1989, a coroa recebe uma última “jóia”: a bala que ferira João Paulo II e por este oferecida ao bispo de Leiria, em 1984. O objeto foi encastoado “no orifício que existia na parte inferior do globo de turquesas, no eixo da cruz”.

Assim, “se a coroa era já, quer pelas razões da sua materialidade, quer pelas razões relacionadas com a devoção, uma peça de grande valor, a partir dessa data auferiu um valor incalculável”.

De recordar que a coroa preciosa apenas é colocada na imagem de Nossa Senhora de Fátima todos os dias 13, entre maio e outubro; no dia 15 de agosto, solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria; e no dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria. Nos restantes dias, a imagem apresenta uma das coroas secundárias de prata fundida cinzelada e dourada, oferecidas a Nossa Senhora de Fátima pelas religiosas do Instituto das Irmãs de Santa Doroteia e pelas Alunas dos Colégios deste Instituto.