"Sinto-me honrada com o apoio do presidente e a minha intenção é conquistar e ganhar esta nomeação. Durante o ano passado, viajei por todo o país, falando com os americanos sobre a escolha clara nesta eleição importante. E é isso que continuarei a fazer nos próximos dias e semanas. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para unir o Partido Democrata - e unir a nossa nação - para derrotar Donald Trump e a sua agenda extremista do Projeto 2025", é referido numa declaração.
“Temos 107 dias até ao dia das eleições”, declarou Harris. Poucos minutos depois de ter anunciado que se retirava da corrida presidencial após semanas de pressão interna, Biden manifestou apoio a Harris através de uma mensagem nas redes sociais.
Kamala já tinha feito história em janeiro de 2021 quando se tornou a primeira mulher, a primeira pessoa negra e de origem asiática a ser vice-presidente do país.
A vice-presidente, de 59 anos, conta que quando era pequena se manifestava pelos direitos civis ao lado do pai jamaicano, professor de economia, e da mãe indiana, investigadora sobre o cancro da mama.
Nascida em Oakland, Califórnia, de pais imigrantes, os seus pais divorciaram-se quando tinha cinco anos e foi criada principalmente por uma mãe solteira e hindu, Shyamala Gopalan Harris, ativista dos direitos civis.
Cresceu dentro das tradições indianas e acompanhando a mãe em visitas à Índia, apesar de adotarem a cultura negra de Oakland.
"A minha mãe entendeu muito bem que estava a criar duas filhas negras", escreveu na sua autobiografia The Truths We Hold.
As suas raízes birraciais significam que ela incorpora e pode envolver-se e apelar para muitas identidades americanas. As partes do país que viram rápidas mudanças demográficas, mudanças suficientes para alterar a política de uma região, veem nela um símbolo de inspiração.
Estudou na Universidade Howard, uma das principais faculdades e universidades historicamente negras do país, que descreveu como uma das experiências mais importantes da sua vida.
Antes disso viveu um breve período no Canadá, onde a mãe trabalhou como professora na Universidade McGill, e Kamala e a irmã mais nova, Maya, foram com ela e estudaram na escola em Montreal por cinco anos.
Em 2019, atacou duramente Joe Biden por este se ter oposto, no passado, a uma política de transporte de crianças negras para escolas em distritos brancos, com o objetivo de acabar com a segregação racial.
"A rapariga [no autocarro] era eu", disse ela. Esse desabafo não salvou a sua campanha fracassada, interrompida antes mesmo da primeira votação das primárias.
Joe Biden então a convidou para se juntar a ele, expondo-a aos ataques do seu opositor republicano, Donald Trump.
Em 2020, o republicano chamou-a de "monstro" e "mulher raivosa", termos que evocam estereótipos racistas sobre as mulheres negras.
Após o desastroso debate de Joe Biden contra Donald Trump a 27 de junho, o multimilionário de 78 anos voltou a atacá-la.
Muito acostumado a encontrar alcunhas e a gozar com os rivais, Trump chamou-a de "Jovial Kamala" porque ri alto e a sua equipa de campanha a descreve como esquerdista convicta.
'Como se atrevem!'
Após dois mandatos como promotora distrital em São Francisco (2004-2011), foi eleita duas vezes procuradora-geral da Califórnia (2011-2017), e tornou-se a primeira mulher e a primeira pessoa negra a chefiar os serviços judiciais do estado com mais população do país.
Foi criticada pela abordagem severa aos pequenos crimes que, segundo os seus detratores, prejudica as minorias.
Em janeiro de 2017, tomou posse no Senado em Washington, onde se tornou a primeira mulher do sul da Ásia e a segunda senadora negra da história.
Já vice-presidente, dedicou o seu discurso de vitória às mulheres que lutaram pela igualdade no país.
Em 2022, Kamala Harris defendeu fervorosamente o direito ao aborto, questionado pelo Supremo Tribunal.
"Alguns líderes republicanos estão a tentar usar a lei contra as mulheres. Como se atrevem! Como se atrevem a dizer a uma mulher o que ela pode ou não fazer com o seu próprio corpo!", disse naquela altura.
Esta declaração forte e a campanha promovida por Kamala Harris em todo o país durante o ano passado deram-lhe um novo impulso.
No entanto, cometeu alguns erros no início do seu mandato em questões de diplomacia e imigração.
O casamento e o 'Segundo Cavalheiro'
A imprensa americana criticou o seu trabalho, mas os seus apoiantes atribuem essas críticas a preconceitos machistas.
A revista Vogue teve que se defender por ter escolhido, logo após a eleição, uma foto da vice-presidente de ténis para a sua capa, em vez de um retrato mais formal, que teria dado mais ênfase à sua nova posição.
Ela cultiva uma imagem descontraída, com a ajuda do seu marido Doug Emhoff, um advogado judeu que atua como um "Segundo Cavalheiro" e com quem casou em 2014. É um dos principais trunfos da Casa Branca na luta contra o antissemitismo.
Nas redes sociais, o casal finge discutir sobre basquete: ele é apoiante do Los Angeles Lakers e ela do San Francisco Warriors.
Kamala Harris, chamada de "Momala" pela família, é uma ótima cozinheira. Durante uma viagem oficial a Paris, aproveitou para comprar algumas panelas de cobre, conta a AFP.
É madrasta dos dois filhos do marido e em 2019 escreveu sobre esta experiência. "Quando o Doug e eu nos casamos, Cole, Ella e eu concordamos que não gostávamos do termo 'madrasta'. Em vez disso, eles inventaram o nome 'Momala'."
*Com AFP
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