O dono da Tesla e do X, Elon Musk, deixou o governo Trump e o cargo no DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), o órgão encarregado de reduzir os gastos do governo dos EUA e cortar empregos.

O Departamento de Eficiência Governamental enfrentou desafios legais durante o trabalho já desenvolvido, e Musk e a sua equipa foram criticados pela falta de transparência, bem como por não conseguirem atingir as metas estabelecidas.

No entanto, algumas sondagens norte-americanas sugerem que a ideia de cortar gastos do governo federal tem amplo apoio dos cidadãos.

A saída de Musk era comentada há semanas e foi confirmada alguns dias depois de este criticar um amplo projeto de lei do orçamental atualmente em discussão no Congresso.

"Acho que um projeto de lei pode ser grande ou bonito", disse Musk à CBS News. "Mas não sei se pode ser as duas coisas."

Numa conferência de imprensa de despedida na Casa Branca, Trump e Musk elogiaram-se mutuamente, e o presidente ofereceu ao milionário uma chave de ouro numa caixa de madeira, embora, de acordo com o presidente, Musk "não esteja realmente a sair" e vai continuar "a ir e voltar" da Casa Branca.

Trump elogiou ainda Musk como “um dos maiores inovadores do mundo” e agradeceu o trabalho feito para tornar o Governo mais eficiente. Musk prometeu continuar a ser “amigo e conselheiro do presidente” e a colaborar com a Casa Branca.

Mas afinal, o que fez o DOGE?

Apesar do nome completo, DOGE não é um departamento oficial do governo, que só pode ser estabelecido por um ato do Congresso. Em vez disso, o órgão consultivo foi criado por uma ordem executiva assinada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Parte da missão do DOGE, de acordo com a ordem, está relacionada com atualizações de IT com o objetivo de aumentar a eficiência. O projeto deve estar concluído até julho de 2026, mas Trump pode emitir outra ordem para estender a sua vida útil.

Segundo a imprensa norte-americana, muitos funcionários do DOGE parecem ser jovens com formação em tecnologia e experiência governamental limitada ou inexistente.

Assim, o DOGE foi uma iniciativa liderada por Elon Musk com o objetivo de acabar com a "tirania da burocracia", economizar dinheiro dos contribuintes e reduzir a dívida nacional dos EUA, que atualmente é de cerca de 36 biliões de dólares.

Entre os grandes feitos da organização estiveram o encerramento de agências governamentais, cortes de verbas em programas e despedimentos em massa. Mais de dois milhões de funcionários públicos receberam ofertas para saírem voluntariamente, embora alguns tenham sido recontratados.

Segundo Donald Trump, representantes do DOGE identificaram "fraudes e abusos" em vários departamentos, mas não apresentou provas concretas nem houve acusações criminais relacionadas.

Musk afirmou que a equipa de DOGE conseguiu poupar mais de mil milhões de dólares em contratos relacionados com políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), que considerava excessivos.

Grande parte dos programas da USAID, principal agência de ajuda estrangeira dos EUA, foi cortada.

Inicialmente, Musk esperava poupar até 2 biliões de dólares por ano, mas depois reduziu a meta para metade. Na prática, os cortes não chegaram a esses valores antes de Musk sair do governo.

No site do DOGE, a poupança estimada a 29 de maio era de 175 mil milhões de dólares, mas uma análise da BBC revelou que apenas 61,5 mil milhões estavam detalhados e apenas 32,5 mil milhões tinham evidências claras de como foram alcançados.

Em comparação, o projeto de lei de despesas atualmente em discussão no Congresso deverá aumentar a dívida dos EUA em 5,2 biliões de dólares e o défice orçamental em cerca de 600 mil milhões no próximo ano fiscal.

Musk declarou estar desapontado com esse projeto de lei, porque acredita que comprometeu os esforços de redução de gastos realizados durante o seu trabalho.