Em 16 de setembro, a Lusa tinha noticiado que a ACB iria contestar, em 23 de setembro, o arresto de cerca de 2.200 peças, disse à agência Lusa fonte próxima do colecionador.
Segundo o documento de contestação a que a Lusa teve acesso e noticiado hoje pelo Jornal Económico, a defesa do arresto às obras de arte da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea - Coleção Berardo, no CCB, mune-se de uma entrevista dada pelo historiador de arte Bernardo Pinto de Almeida, em maio, ao Correio da Manhã, na qual afirmou que as obras de arte podem valer, hoje, "talvez o dobro".
Tendo como base a avaliação feita pela Gary Nader em 2009, de 571 milhões de euros, a defesa de Berardo considera que o valor atual poderia ser de 1,084 mil milhões de euros, aplicando uma taxa de atualização de 6%, de 1,202 mil milhões se aplicada uma taxa de 7%, ou de 1,278 mil milhões se aplicada uma taxa de 7,6%.
Para fazer estas avaliações, a defesa de José Berardo, assinada pelo advogado Carlos Costa Caldeira, utiliza um artigo do 'site' artprice.com, que sustenta que nos últimos anos o mercado da arte contemporânea subiu até 7,6% anualmente.
"É conhecida a enorme valorização da Arte Moderna na última década, havendo fontes que contabilizam a valorização média anual da arte moderna, desde 2000, em mais de 7,6%", sustenta a defesa.
Num documento entregue aos deputados pelo antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos Jorge Tomé no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito ao banco público, e a que a Lusa teve acesso, pode ler-se que o volume um das obras (862 obras) tinha sido avaliado pela Gary Nader em 509,5 milhões de euros, o volume dois (572 obras) em 53,8 milhões de euros e o volume três (895 obras) em 7,8 milhões de euros.
A avaliação da Christie's, feita em 2006, incluía apenas o volume um e totalizava 316,3 milhões de euros, de acordo com Jorge Tomé.
Em 20 de abril, CGD, BCP e Novo Banco entregaram no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa uma ação executiva para cobrar dívidas de Joe Berardo, de quase 1.000 milhões de euros, executando ainda a Fundação José Berardo e duas empresas ligadas ao empresário.
O valor em dívida às três instituições financeiras totaliza 962 milhões de euros.
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