Arena não foi intimada pela justiça belga por causa deste caso, mas o seu nome foi constantemente mencionado pela comunicação social devido aos seus contactos com o presumível cabecilha do esquema de corrupção, o ex-eurodeputado italiano e fundador da organização não-governamental (ONG) Luta Contra a Impunidade, Pier Antonio Panzeri, que já tinha presidido à mesma subcomissão do Parlamento Europeu (PE).

“As autoridades belgas não pediram o levantamento da minha imunidade parlamentar; nem o meu gabinete nem a minha casa foram revistados, e não fui de forma alguma implicada pela justiça”, reiterou hoje em sua defesa Maria Arena, num comunicado.

Ao contrário do seu colega de partido, o também eurodeputado socialista belga Marc Tarabella, que está a ser investigado, Arena não é alvo de qualquer pedido de suspensão da imunidade parlamentar, cujo procedimento a presidente do PE, Roberta Metsola, já anunciou que porá em marcha na próxima semana, na sessão plenária em Estrasburgo.

A subcomissão de Direitos Humanos do PE surge no centro dos subornos que alguns países como o Qatar, Marrocos e a Mauritânia, terão pago para as suas alegadas ingerências em decisões daquele organismo, segundo informações da investigação judicial que foram entretanto passadas à imprensa.

Na chamada investigação do “Qatargate” pelas autoridades belgas, quatro pessoas foram até agora indiciadas por acusações preliminares de corrupção, lavagem de dinheiro e participação numa organização criminosa, e três delas têm ligações próximas com aquela subcomissão.

Trata-se, além de Pier António Panzeri, do seu assessor Francesco Giorgi, que também trabalhava agora para um dos atuais membros da subcomissão; e da namorada de Giorgi, Eva Kaili, eurodeputada social-democrata grega que foi destituída do cargo de vice-presidente do PE depois de revelado o escândalo.

A quarta pessoa detida devido às mesmas acusações preliminares também está ligada a este grupo de eurodeputados: Niccolò Figa-Talamanca, secretário-geral da ONG Sem Paz Não há Justiça.

O ‘Qatargate’ resultou de uma investigação da Justiça belga a alegadas ofertas do Qatar e de Marrocos a eurodeputados e assistentes de grupos do PE para influenciar decisões em Bruxelas, numa operação que resultou na apreensão de malas de dinheiro com um total de 1,5 milhões de euros.