“Já tiveram [a reunião] e foram despedidos. A Ryanair acha que ficou prejudicada pela divulgação daquela fotografia. Aquela fotografia não foi mais que uma manifestação de direito à indignação”, disse a presidente do Sindicato Nacional do Pessoal De Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Luciana Passo, à Lusa.
Contactada pela Lusa, a Ryanair confirmou, em resposta escrita, o despedimento dos seis trabalhadores devido à “quebra de contrato por má conduta grave, depois da encenação de uma fotografia para sustentar uma queixa falsa”.
Segundo a dirigente sindicalista “estavam 24 tripulantes numa sala com oito cadeiras. Houve alguns que resolveram demonstrar a indignação, deitando-se no chão porque as outras cadeiras estavam ocupadas e alguém, que não nenhum daqueles tripulantes, divulgou a fotografia nas redes sociais e eles acabam pro ser despedidos”.
A presidente do SNPVAC referiu ainda que a Ryanair pediu desculpas pelo incidente, através das redes sociais, alegando que não tinham encontrado hotéis. “Ainda assim são os tripulantes que são despedidos porque a Ryanair não lhes deu condições de descanso”, sublinhou.
Perante esta decisão, comunicada na segunda-feira aos trabalhadores, o sindicato prometeu agir em conformidade.
“Os serviços jurídicos do sindicato tratarão do assunto, mas é lamentável que seis tripulantes sejam despedidos por exercer um direito que lhes é conferido”, concluiu.
Já a Ryanair acrescentou na resposta que a “falsa foto”, amplamente divulgada pelos meios de comunicação, pretendia mostrar os tripulantes “forçados a dormir no chão” de uma sala dos tripulantes, mas resultou num “comportamento que prejudicou a reputação do empregador e causou uma irreparável quebra de confianças nestas seis pessoas”.
Depois de conhecido o caso, os funcionários da Ryanair envolvidos na divulgação da fotografia tinham sido convocados para uma reunião, no âmbito de um “procedimento disciplinar”.
Segundo a convocatória a que a agência Lusa teve acesso, nessa altura, os trabalhadores participaram numa reunião de investigação “sob procedimento disciplinar” para “discutir as circunstâncias em torno da distribuição nas redes sociais de uma fotografia que falsificou acontecimentos” em 13 de outubro.
Depois de voos terem sido desviados para Málaga face ao encerramento do aeroporto do Porto devido à tempestade Leslie, circulou uma fotografia com tripulantes a dormir no chão de uma sala, tendo dias mais tarde a transportadora divulgado um vídeo captado no mesmo local mostrando os funcionários a deitarem-se no chão para o momento ser retratado.
Com a publicação do vídeo de uma sala de trabalhadores, o SNPVAC acusou a transportadora aérea de baixo custo de "evidente violação" do regulamento de proteção de dados. A empresa respondeu respeitar o regulamentou e reiterou que o vídeo prova que nenhum funcionário dormiu no chão do aeroporto.
“Todas as salas de tripulação e pilotos da Ryanair estão equipadas com câmaras de vigilância por motivos de segurança e têm as respetivas notificações, tal como requerido pelas normas de GDPR (RGPS - Regulamento Geral Proteção de Dados)”, afirmou na altura a transportadora.
A Ryanair considerou ainda que o “vídeo prova que a imagem original foi encenada e nenhuma tripulação dormiu no chão”.
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