"A informação chega aos deputados nos termos e procedimentos que a comissão [de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, COFMA] vai definir amanhã [quarta-feira]", disse Duarte Pacheco (PSD) depois da reunião da Mesa da Assembleia da República, da qual é secretário.
O relatório relativo aos grandes devedores da banca foi hoje divulgado pelo Banco de Portugal, mas um outro documento entregue no parlamento na sexta-feira, com informação confidencial, não foi tornado público pelo banco central.
Neste documento confidencial, segundo informação obtida pela Lusa, estão discriminados os créditos problemáticos e outros ativos que deram problemas à banca e levaram à ajuda pública (por exemplo, dívida pública).
"De igual modo esse relatório será entregue aos presidentes da COFMA [Teresa Leal Coelho - PSD] e, na parte que lhe diz respeito, ao presidente da comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos [Luís Leite Ramos (PSD)]", disse Duarte Pacheco aos jornalistas.
Os presidentes de cada comissão "definirão eles, sim, quais as regras de acesso dos senhores deputados e aquilo que pode ou não ser divulgado", acrescentou o deputado do PSD, que também é secretário da Mesa da Assembleia da República.
O parlamento terá de entender se o critério do Banco de Portugal relativamente à divulgação de informação "corresponde aos espírito do legislador ou se, pelo contrário, não corresponde", indicou o parlamentar social-democrata.
"Nesse segundo caso, então, deverão ser estabelecidos contactos entre a comissão do orçamento e o banco de Portugal para que seja alterada essa situação, correspondendo a última palavra à Assembleia [da República]", prosseguiu Duarte Pacheco.
Duarte Pacheco lembrou que "a lei diz que o Banco de Portugal, a título indicativo, pode considerar que determinada matéria está coberta de sigilo", mas que "a última palavra" cabe ao parlamento, neste caso "à comissão de Orçamento e Finanças".
"Os deputados vão ter acesso ao relatório total em condições que serão definidas pela própria comissão", à semelhança do que acontece na atual comissão de inquérito à CGD, em que "a informação existe, foi disponibilizada, e o sistema informático salvaguarda as impressões", disse o deputado.
No entanto, o também secretário da Mesa da Assembleia da República afirmou que, além da necessidade de "transparência", há uma obrigação de salvaguardar o interesse bancário e do sistema financeiro".
"Não se pode tratar de forma igual empresas cumpridoras e empresas não cumpridoras, ou, por exemplo, aquilo que são avaliações de créditos não cumpridos e que estão a ser comercializados na banca", ressalvou o parlamentar do PSD.
O deputado revelou ainda que na quarta-feira "haverá uma conferência de líderes porque o senhor presidente [Eduardo Ferro Rodrigues] quer que todos os grupos parlamentares tenham conhecimento destas decisões, e não só os grupos que estão representados na Mesa".
Os partidos não representados são o PCP, PEV e PAN.
"Tudo isto foi conversado e decidido sem que a Mesa, a começar pelo senhor presidente, tenha conhecimento do que consta do relatório", divulgou o deputado.
De acordo com a versão do relatório hoje divulgada pelo Banco de Portugal, que não discrimina créditos problemáticos e outros ativos, o Estado disponibilizou 23,8 mil milhões de euros a sete instituições bancárias entre 2007 e 2018.
O documento, hoje publicado, mostra que os bancos mais beneficiados foram a Caixa Geral de Depósitos, com 6,25 mil milhões de euros, e o antigo BPN, com 4,91 mil milhões de euros.
Segundo o mesmo documento, foi em meados de junho de 2012 que o Estado aplicou o valor mais elevado, de 6,15 mil milhões de euros.
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