Descobertas no século XVIII, só hoje é as ruínas do "Domus Transitoria" abriram ao público. Os primeiros visitantes puderam explorar o que sobreviveu deste grandioso palácio projetado pelo imperador Nero, um dos mais famosos da época da Roma Antiga.

Pensado para aliviar o imperador do calor do verão romano, o "Domus Transitoria" foi construido junto ao Fórum Romano pelo imperador Nero para ser uma construção opulenta, de tal forma que, como escreveu a agência Associated Press, mereceu críticas dos contemporâneos.

Outrora decorado com folhas de ouro, pedras preciosas e pérolas, mármore embutido e frescos espalhados pelas paredes e tetos, o palácio, construído no Monte Palatino há quase 2000 anos, conheceu a sua ruína na noite de 18 de julho de 64, quando um incêndio devastou Roma.

As chamas lavraram durante uma semana pela cidade, destruindo também o palácio, onde os destroços ainda preservam vestígios do fogo. Um boato histórico diz que foi o próprio Nero quem ordenou o incêndio, sendo que historiador Tácito conta que o imperador acusou os primeiros cristãos pelos fogos, tendo sofrido violentas perseguições como consequência.

Depois da destruição, Nero terá então, como escreve o jornal diário The Telegraph, mandado rapidamente construir um novo palácio por cima das ruínas, o imenso "Domus Aurea", um sumptuoso complexo de edifícios com jardins, vinhedos e até um lago artificial.

Hoje, já é possível visitar as ruínas subterradas do "Domus Transitoria", onde se destaca uma latrina de 50 lugares que seria usada por escravos e trabalhadores que também tinha como função ser um espaço de sociabilidade comum.

Para aceder as este espaço recuperado, os visitantes têm de descer uma longa escadaria até chegar a uma zona subterrânea constituída por várias câmaras. É possível ver duas fileiras de latrinas separadas por um espaço onde passava água. De acordo com Stefano Borghini, um dos arquitetos responsáveis pela recuperação das ruínas, a existência deste curso deve-se ao facto de que "os romanos limpavam-se com uma esponja presa a um pau, lavando-a na água."

A equipa arqueológica que trabalhou no sítio acredita que estas latrinas não faziam parte do espaço original, tendo sido construídas para os trabalhadores que construíram o "Domus Aurea" por cima.

Sendo ainda visíveis alguns graffiti deixados nas paredes destas câmaras, os visitantes podem, para além de visualizar o que sobrou, imaginar o que antes era, usando uns óculos de realidade virtual que permitem ver como é que era o espaço há 2000 anos.

Segundo Alfonsina Russo, diretora do espaço arqueológico que compreende o Monte Palatino, o Coliseu e o Fórum Romano, a inspiração para este palácio terá vindo de um edifício construído para o faraó Ptolemeu I Sóter em Alexandria. O seu nome, "Domus Transitoria" deveu-se ao tamanho dos seus terrenos, tão vastos que permitiam ao imperador transitar do Monte Palatino ao Monte Esquilino.