Os dois suspeitos, Sónia Fernandes da Cunha, de 40 anos, de Toronto, e Ruben Soza, de 40 anos, de Toronto, foram detidos no dia 19 de outubro.
Ela está indiciada por 10 crimes relacionados com tráfico humano e assalto com uma arma, enquanto ele é suspeito de cinco crimes, relacionados com tráfico humano, anunciaram as autoridades num comunicado.
À Lusa, as autoridades escusaram-se a adiantar a nacionalidade dos suspeitos, dizendo apenas que ambos têm “ligações a Portugal”.
"O Projeto ‘Betrayal’ começou em fevereiro de 2017. Na altura tivemos informações de mulheres traficadas de Portugal para Toronto", começou por contar à Lusa o detetive Nunziato Tramontozzi, da unidade de Crimes Sexuais e de combate ao Tráfico Humano da polícia de Toronto.
Segundo uma nota da polícia, o caso remonta a maio de 2016, quando uma mulher proveniente de Portugal viajou para Toronto, após ter sido contratada para um trabalho de rececionista.
Na altura, quando se encontrou com os dois suspeitos, foi-lhe oferecido trabalho como massagista numa clínica, porque a vaga para rececionista já teria sido ocupada.
A vítima foi forçada, enquanto fazia massagens, a "vender serviços sexuais", que foram anunciados no site backpages.com, e foi-lhe "retirado o passaporte".
As autoridades ainda alegam que os dois acusados conseguiram convencer a vítima a entregar-lhes todo o dinheiro recebido durante esses serviços por questões de "segurança". Quando a vítima confrontou os suspeitos, foi "violentamente agredida".
No dia 19 de outubro deste ano, a Unidade de Tráfico Humano, com mandados de busca, conseguiu realizar buscas em várias locais em Toronto, onde deteve os dois suspeitos, obtendo documentos importantes para a investigação, alegadamente o passaporte da vítima.
"Em maio de 2017, uma mulher vítima de tráfico humano relacionada com a atual investigação deu-nos uma declaração sobre o que lhe aconteceu desde que chegou de Portugal. Foi nessa altura que o projeto teve mais intensidade e começou a investigação com outras agências da polícia", sublinhou.
Além da polícia de Toronto, a operação envolve a agência de Fronteiras do Canadá (CBSA, sigla em inglês), da Polícia Judiciária (Portugal), e da Finch Track, uma agência federal canadiana que investiga transações financeiras em que há a suspeita de ilegalidades.
"O tráfico humano no Canadá já é quase tão lucrativo como o tráfico de droga e de armas. Uma das vantagens é que [os criminosos] podem voltar a utilizar aquelas vítimas. Uma rapariga pode ter sexo com 15 a 20 pessoas por dia e faz 250 mil dólares por ano. É um negócio muito lucrativo que cada vez mais está a aumentar e só através da educação se pode evitar", concluiu o detetive sargento Nunziato Tramontozzi.
Os suspeitos foram, entretanto, libertados sob fiança e aguardam uma data para julgamento. A polícia de Toronto continua a investigar o caso e está a solicitar a ajuda do público.
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