Em família ou com amigos, em estreia ou no cumprimento de uma tradição que se vai afirmando com o tempo, muitos acorreram neste primeiro dia de janeiro ao areal da praia, nem que fosse apenas por uns raios de sol, para passear o cão ou para uma corrida. No entanto, para o grupo de amigos de Joaquim Delgado, o mar era mesmo o ponto de encontro.
“Venho todos os anos. É só por ser o primeiro dia do ano, mas é espetacular. Fazemos isto já há muitos anos, portanto, já é corriqueiro para nós”, confessa à Lusa este cidadão de 63 anos, nascido e criado na zona de Carcavelos, enquanto era carregado aos ombros de dois amigos.
Tetraplégico há 42 anos, Joaquim Delgado explica que já “vinha mergulhar aqui antes” e que este “é um grupo muito especial”, partilhando ainda o desejo de que “esta pandemia passe rapidamente e que haja saúde para todos”, enquanto outro amigo grita: “Que o vírus fique afogado lá no mar”!
António Jorge, de 59 anos, é um dos amigos que carrega Joaquim Delgado e refere que o grupo já está habituado ao ritual do mergulho no primeiro dia do ano. E nem a perspetiva de uma água potencialmente muito fria dissuade este grupo. “A água está ótima, uma maravilha. Vimos aqui e largamos o mau-olhado todo, mas o amigo nunca largamos. Ele está sempre connosco”, conta, entre risos do grupo.
Uns metros ao lado, uma família residente em Porto Salvo aproveitou a curta distância até Carcavelos e já regressava do seu terceiro mergulho de 2022, sem esconder que a água estava convidativa e que o tempo até “parece verão”.
“Vimos dar um mergulho há cinco ou seis anos e temo-nos dado bem. É o ano todo sempre em grande forma”, diz José Marques, de 57 anos, sublinhando o desejo de “muita saúde”. Já Maria de Fátima Mendes, 59 anos, garante que o primeiro mergulho de 2022 “dá sorte, tira maleitas e faz bem por causa das gripes” desta época do ano, acrescentando: “Acho que mata o covid também. Desejei muita saúde, muita paz e que o covid acabe o mais rapidamente possível”.
Se eram sobretudo cidadãos mais velhos a procurar os benefícios do mar no primeiro dia do ano, não faltavam também alguns jovens a ganhar coragem para enfrentar a entrada na água, como Miguel Silva, de 11 anos. Natural de Vila Real, admite que mergulhar logo no dia inaugural de 2022 é “especial”, sobretudo porque não costuma vir muitas vezes aqui.
“A água nem me importa, não estava muito fria. Lá no Norte é muito pior”, observa o jovem, que veio acompanhado dos pais, dos tios e dos primos para esta experiência. Questionado sobre os seus desejos para 2022, Miguel Silva passa por cima da pandemia para se focar noutra meta: “Que seja um ano bom e que Portugal se classifique para o Mundial [de futebol]. Acho que é suficiente”.
Dentro de água, outro grupo vai tirando algumas fotografias para eternizar o momento. É o caso de Joana Baroeth, 14 anos, que vem pela “primeira vez” para o ritual do mergulho no primeiro dia do ano à boleia do convite de uma tia, apesar de viver aqui na ‘Linha’ de Cascais.
“A minha tia costuma fazer isto com uns amigos e este ano, como não houve muita gente para vir, convidou-me e eu achei interessante. Já tinha vontade de experimentar”, afirma, reconhecendo que a “corrente está a puxar”, mas sem queixas sobre a temperatura da água ou sobre o cenário para a fotografia: “Acho que é um bom sítio [para publicar a primeira foto do ano nas redes sociais]. Espero que 2022 corra melhor do que 2021”.
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