A Greve Feminista, uma organização da rede 8 de março, um coletivo de organizações feministas, vai estar por todo o país, desde Albufeira, Aveiro, Braga, Chaves, Coimbra, Lisboa, Porto, Viseu, Amarante, Vila Real, Évora, Fundão, Covilhã e São Miguel, nos Açores, entre manifestações e uma greve social.
Em declarações à agência Lusa, uma das responsáveis pela organização confessou haver uma “forte expectativa” em relação ao evento marcado para sexta-feira para que a “ruas se encham de pessoas, sobretudo de mulheres”.
“Que as mulheres no dia 08 de março tomem a dianteira da manifestação”, defendeu Andreia Peniche.
Explicou que o dia 08 de março é o culminar de um longo processo, de vários meses, à medida que foi sendo construída a rede nacional de ativistas feministas.
“Somos muitas, estamos articuladas e acreditamos que nada ficará como dantes”, defendeu.
De acordo com Andreia Peniche, e na perspetiva da rede 8 de março, “está criado o momento para que as pessoas percebam que é na rua que podem fazer uma demonstração de força da importância da agenda feminista”.
“Achamos que as coisas vão começar a mudar e o facto de os problemas das mulheres serem questões de debate nacional é o princípio do caminho para alterar o nosso quotidiano”, apontou.
A responsável explicou que a rede 8 de março convoca para sexta-feira uma greve feminista internacional, dividida entre greve ao trabalho laboral, greve ao trabalho doméstico, greve estudantil e greve ao consumo.
De acordo com Andreia Peniche não se trata de uma greve tradicional, mas sim de uma greve social, em que se pretende olhar para o quotidiano das mulheres e perceber as várias discriminações de que são alvo, procurando uma solução global.
A esta greve social aderiram cinco sindicatos nacionais: SNESUP (Sindicato Nacional do Ensino Superior), STCC (Sindicato dos Trabalhadores de Cal Center), SIEAP (Sindicato das Indústrias, Energia, Serviços e Águas de Portugal), STSSSS (Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social) e STOP (Sindicato de Todos os Professores).
Estes sindicatos emitiram pré-aviso de greve, pelo que todas as pessoas que tenham uma profissão ou exerçam uma atividade abrangida por um destes sindicatos, pode aderir à greve.
A manifestação em Lisboa está marcada para a Praça do Comércio, às 17:30, à qual vai juntar-se o movimento Maré Feminista, uma iniciativa criada para a marcha do 25 de Abril, como forma de juntar no mesmo espaço organizações e associações feministas e de defesa dos direitos das pessoas LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo).
É uma homenagem a Marielle Franco, a ativista brasileira assassinada no ano passado, e vai buscar o nome à favela onde vivia a política e feminista.
Em nome da organização, Patrícia Vassallo e Silva apontou que a violência sobre as mulheres e a justiça são os maiores problemas e os temas que precisam de maior enfoque.
“Tem de haver uma grande luta e [a justiça] é o nosso maior e mais grave problema”, apontou.
Disse acreditar que a iniciativa tenha uma grande adesão, tendo em conta o número de femicídios desde o início do ano, apontando que a “diversidade se está a juntar”.
“A comparar com o ano passado, acho que a adesão vai ser muito maior”, afirmou, admitindo, no entanto, algum receio que as iniciativas marcadas para sábado possam levar a alguma desmobilização.
A Maré Feminista está também marcada para o Porto, às 18:00.
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