“Mesmo que tenha havido milhares de votos nos partidos de direita, com o que isso comporta de negativo e perigoso, votos assentes na demagogia, na mentira e na ilusão, que enganaram e arrastaram muitos, e mais uma vez, para a falsa ideia de mudança, uma mudança que de facto se exige, mas que não virá, como nunca veio, pelas mãos de PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal”, disse hoje Paulo Raimundo.

Perante um pavilhão da Escola Secundária Almeida Garrett, em Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), lotado por uma audiência desde os mais jovens aos mais velhos, o líder comunista considerou que os partidos da direita irão favorecer alguns interesses e atacar vários setores da sociedade portuguesa.

“Desses partidos, para lá da demagogia, desta ou daquela medida pontual, só virão mais favores aos grupos económicos, mais ataques aos serviços públicos, mais desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde e da Escola Pública, mais ataques ao regime democrático, mais injustiça e mais desigualdade”, disse Paulo Raimundo.

O secretário-geral do PCP alertou ainda que as “fabricadas discordâncias entre PSD, CDS, IL e Chega são isso e só isso mesmo, falácias e fabricos de discordâncias”.

“Sempre que for necessário garantir os interesses daqueles que se acham donos disto tudo, haverá sempre as convergências necessárias entre forças que encontrarão sempre as formas de servir aqueles que os criaram, aqueles que os alimentam e aqueles que os financiam”, advertiu.

Raimundo responsabilizou ainda o PS pelo atual estado do país, considerando que o partido que liderou o Governo nos últimos oito anos “optou por não responder aos problemas concretos da vida quando o podia e tinha condições para o fazer, e vem agora numa autêntica manobra afirmar a disponibilidade para retificar o seu próprio Orçamento”.

“Então aquilo que é possível hoje não era possível ontem? Não havia condições, não havia margem orçamental, como nós sempre afirmámos durante este período? Havia ontem condições, como há hoje condições. As respostas não foram dadas porque o PS não quis dar”, vincou.

O secretário-geral do PCP considerou que o PS “decidiu ajoelhar-se perante os grupos económicos, alimentou as forças mais reacionárias e que, ao não responder aos problemas, aumentou a justa indignação e sentimento de injustiça de milhões de trabalhadores”.

“Estamos hoje perante um novo quadro político”, classificou Paulo Raimundo, rejeitando “qualquer ilusão sobre o que aí vem” da direita e “a mínima tolerância a esse projeto que há muito queriam ter condições para retomar, e que agora o PS lhes ofereceu de bandeja essa oportunidade”.

O líder comunista assumiu ainda a insatisfação pelos resultados das eleições.

“Não enfiamos a cabeça na areia nem ficamos à espera que passe este vento forte”, garantiu, dizendo que o partido está a debater dentro da sua “própria grelha de análise” e não por uma imposta de fora.