“A nossa luta é todo o dia, os animais não são mercadoria”, “a nossa marcha não vai parar, enquanto houver animais para libertar” ou “vamos dar voz aos que sentem como nós” foram algumas das palavras de ordem que ecoaram pelas ruas da capital durante a tarde.
A marcha, que partiu pouco depois das 16:30 do Rossio em direção à Alameda Dom Afonso Henriques, em Lisboa, foi uma iniciativa da associação Animal Save and Care Portugal que, pelo sexto ano, chamou às ruas os ativistas pelos direitos dos animais.
“Pelos direitos de todos os animais”, precisou, em declarações à agência Lusa Noel Santos, da organização, que recusa a ideia de direitos apenas para os animais de companhia.
“Não aceitamos menos do que a libertação animal. É uma posição extremada, sabemos, mas é a posição que temos de assumir”, sublinhou o ativista.
Para Noel Santos, as medidas não podem ficar-se apenas pelo bem-estar animal, uma mensagem que também está presente nos vários cartazes contra o consumo de carne animal e de apelo ao veganismo.
Entre os manifestantes, encontravam-se também alguns companheiros de quatro patas. Foi o caso de Dóris, que passeava pela Avenida Almirante Reis sem se aperceber que, à sua volta, gritavam pelos seus direitos.
A segurar na trela, Daniel Carapau considera que ainda há um longo caminho a percorrer em Portugal.
“Basta ver o número de casos de maus tratos de animais que são investigados e julgados todos os anos”, sublinhou, recordando, por outro lado, o acórdão do Tribunal Constitucional, divulgado no início do ano, que decidiu não declarar inconstitucional a norma que prevê a incriminação de maus tratos a animais de companhia, na sequência de um pedido da Procuradoria-Geral da República.
“Seria impensável que retrocedêssemos a esse nível nesta altura”, defendeu Daniel Carapau, lamentando também que a sociedade civil, em geral, continue a ignorar outras situações como as touradas e o transporte de animais vivos.
A marcha contou também com a presença da líder do PAN, que se juntou ao protesto para mostrar solidariedade para com a causa animal, contra os maus tratos e o abandono.
Numa altura em que o Governo prepara a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE 2025), Inês de Sousa Real considerou “inaceitável que em pleno século XXI o IVA para os cuidados médico-veterinários e a alimentação seja taxado a 23%, como um bem de luxo”.
É uma questão que promete levar para a discussão do OE 2025, bem como a renovação da isenção de IVA na compra de alimentação animal para as associações, aprovada no OE 2024, mas a líder do PAN lembra que é necessário que o Governo cumpra a execução dos 13,2 milhões de euros para campanhas de esterilização e bem-estar animal.
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