O diretor falava aos jornalistas à margem de uma visita de deputados da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, que se deslocaram hoje ao espaço museológico a convite daquele responsável.
Questionado pelos jornalistas se tinha havido alguma alteração na situação do museu desde a altura em que anunciou a sua saída, para junho, alegando falta de condições para trabalhar, o responsável disse que "não houve nenhuma alteração substancial" da situação.
"Eu tinha dito que, se houvesse uma alteração substancial das condições, eu mudaria de opinião, mas, em tudo o que tenho visto não existe o menor indicador nesse sentido, mas pode ser que venha a ser desmentido no futuro", comentou.
Sobre o diploma aprovado na última semana em Conselho de Ministros, com a versão final do regime de autonomia dos museus e monumentos, disse: "O que foi aprovado no Conselho de Ministros não significa alteração substancial, mas a manutenção do 'status quo', com outra capa, e isso está fora de questão".
António Filipe Pimentel fez o convite aos deputados da comissão quando foi chamado ao parlamento para explicar o facto de não pretender continuar no museu, alegando vários problemas que diz não ver resolvidos há anos pela tutela.
"Considerei importante convidar os deputados a virem verificar eles próprios a realidade do Museu de Arte Antiga", disse, à margem da visita, que passou por vários espaços, nomeadamente as salas com pintura e escultura portuguesa, os têxteis, os biombos Nambam ou os presépios.
Pimentel sublinhou que "os museus são peças-chave da estrutura cultural do país, da sua economia e identidade, e este museu tem as suas especificidades próprias, embora as necessidades sejam de todos".
"Existe aqui um problema global que importa que seja visto", vincou.
Na sua opinião, "o que falta efetivamente são condições de trabalho, e que passam pelos recursos humanos, capacidade de financiamento, e agilidade administrativa. São esses os três pilares".
"É visível o que conseguimos fazer sem eles, mas no ponto em que o museu chegou, se esses pilares não são fornecidos, nós vamos quebrar tudo o que construímos", alertou, acrescentando que outro aspeto fundamental é a transmissão de conhecimento que os especialistas do museu produzem.
"Também é muito importante o financiamento e os recursos humanos para que não se quebre a cadeia de transmissão de conhecimentos", vincou.
António Filipe Pimentel espera ainda que "o bom senso" sobre esta situação problemática dos museus, e em particular do MNAA, "impere, e seja decidida em tempo útil".
A presidente da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, Edite Estrela, disse aos jornalistas que o MNAA "é um grande museu, com um espólio único que é preciso proteger e dar a conhecer".
O deputado José Carlos Barros, do PSD, comentou, por seu turno, que o diploma da autonomia dos museus, aprovado pelo Governo, "mostra uma grande desorientação", e que "não estão a ser dadas as respostas que o setor exige".
Já Luís Monteiro, do BE, mostrou-se preocupado com as dificuldades, não só do MNAA, mas também do setor em geral, "muito necessitado de recursos humanos e financeiros", e defendeu um maior financiamento para esta área.
Na mesma linha, a deputada Ana Mesquita, do PCP, mostrou-se preocupada com todos os museus do país e dos seus trabalhadores, que "prestam um importante serviço público, mas sofrem de falta de pessoal, dramática, [da falta de] obras e [da falta de] mais recursos financeiros".
Por seu turno, Carla Sousa, deputada do PS, disse que "os problemas vividos pelo MNAA são os mesmos que muitos museus, mas já vêm de 2013, e o novo regime de autonomia irá possibilitar um processo de gestão que ajudará os diretores no seu trabalho".
Tresa Caeiro, do CDS, comentou que o MNAA "é uma instituição incontornável que enfrenta dificuldades a vários níveis".
"O CDS bate-se há muitos anos por uma autonomia efetiva dos museus ", afirmou.
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