Arrogante, carismático, abrupto, às vezes engraçado, sem cair em graça. Contradiz-se várias vezes e mostra-se desconfortável a falar sobre assuntos de fundo. Com o discurso centrado nas frustrações e inseguranças dos americanos num mundo em mutação, Donald Trump tornou-se a voz da mudança para milhões de pessoas e fez "explodir" um Partido Republicano com dificuldades para entender os seus eleitores.
Nascido em Nova Iorque, foi enviado muito jovem para uma escola militar para tentar acalmar o seu temperamento explosivo. É o quarto dos cinco filhos de um empresário do setor imobiliário nova-iorquino. Depois de estudar comércio, juntou-se à empresa da família. O seu pai ajudou-o no início com "um pequeno empréstimo de um milhão de dólares", segundo afirma o próprio Trump.
Em 1971, Donald Trump assumiu os negócios familiares. Assim, enquanto o seu pai construía casas para a classe média, Trump moldou o negócio para outro setor e optou pelas torres luxuosas, hotéis, casinos e campos de golfe, de Manhattan a Mumbai. Até 2015 foi ainda co-proprietário do Miss Universo e Miss Estados Unidos e durante a sua carreira foi alvo de dezenas de processos civis relacionados com os seus negócios.
Antes de se lançar na campanha, em junho de 2015, o futuro presidente dos EUA era, de facto, mais conhecido pela sua imensa fortuna e pelos campos de golfe e casinos com o seu nome. Os divórcios do magnata faziam manchetes nas revistas cor-de-rosa e ainda estava muito presente o facto de ter sido o apresentador do reality show "O Aprendiz": competição em que o prémio era um emprego no império Trump.
Não obstante, acabou por provar ser um candidato feroz, um herói populista improvável que promete "devolver à América a sua grandeza".
Uma presidência imprevisível?
Ideologicamente, Trump muda ao ritmo do vento. Afirmou-se democrata até 1987 e, em seguida, republicano (1987-1999); tornou-se membro do partido da Reforma entre 1999 e 2000, voltou a afirmar-se democrata entre 2001 e 2009 para depois regressar ao Partido Republicano, onde agora está.
Sempre se atreveu a dizer tudo o que pensava e muitas vezes desviou-se daquilo que ditavam as "regras do bom senso político" ou do que estava escrito no teleponto (que várias vezes disse não utilizar). Denunciou "um sistema manipulado", líderes políticos "corruptos" e meios de comunicação "que envenenam as mentes dos americanos".
"Eu vou aceitar o resultado das eleições... Se ganhar", disse Trump
A campanha eleitoral do futuro "líder do mundo livre" propôs soluções simplistas para problemas complexos: para combater a imigração ilegal, promete construir um muro na fronteira mexicana (pago pelo México) e falou em expulsar dos EUA 11 milhões de imigrantes ilegais; no desemprego, sugere a renegociação dos acordos comerciais internacionais como forma de trazer de volta empregos que "partiram para o exterior"; para combater o terrorismo, propõe proibir a entrada nos EUA de imigrantes de países 'arriscados', depois de falar em recusar todos os muçulmanos.
Provocador e polémico
Durante a campanha, insultou mulheres, muçulmanos, heróis de guerra, hispânicos e negros. É conhecido por nunca fugir de uma provocação, recusando-se inclusive a dizer se iria reconhecer o resultado da eleição presidencial.
Trump said Thursday he would accept the results of the election — "If I win." https://t.co/xwXX2wpbYg pic.twitter.com/8nBVkAPVOb
— #legend (@FUBARrockchick) 21 de outubro de 2016
Uma das principais polémicas em que se viu envolvido - e que acompanhou todo o processo de campanha - foi a sua recusa em divulgar a declaração rendimentos, algo comum nos candidatos à Casa Branca. Adicionalmente, reconheceu que não tinha pago impostos durante anos, depois de ter declarado enormes perdas de 916 milhões de dólares (cerca de 829 milhões de euros) em 1995.
How can @realDonaldTrump support our #troops, our #vets?
because #Trump has not paid #taxes!
But #TheDonald says "that makes me smart!" pic.twitter.com/lJDvw9Bqt6— Dee Stonewall (@DeeStonewall) 7 de outubro de 2016
Mas "The Donald" não "correu" sozinho. A sua esposa Melania, ex-modelo, fez algumas aparições em comícios e outros eventos públicos. Já os seus filhos adultos, Ivanka, Donald Jr., Eric Tiffany participaram ativamente na campanha.
Trump provou, durante a corrida, ser o seu pior inimigo, "disparando no próprio pé" com várias gaffes ou tweets surpreendentemente imaturos (de tal forma que a equipa de campanha lhe retirou o acesso à conta de Twitter nas últimas semanas).
Ainda assim, nada conseguiu abalar a sua corrida triunfal em direção à Casa Branca. Donald Trump é o próximo presidente dos EUA e o mundo aguarda para perceber o que vai acontecer.
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