Por volta das 18:30 (17:30 de Paris), começaram a chegar ao Pavilhão d’Armenonville, no nordeste de Paris, os primeiros convidados para a noite eleitoral de Marine Le Pen, a candidata do partido de extrema-direita União Nacional, que se qualificou para a segunda volta das eleições presidenciais com 23,15% dos votos.
Maurice Blanc diz estar “mais otimista do que nunca” porque sente que o ambiente é exatamente o mesmo do que na primeira volta das eleições presidenciais de 2002, quando o pai da candidata da União Nacional, Jean-Marie Le Pen, se qualificou para a segunda volta das eleições, contrariando as sondagens.
“Estamos à espera de uma mudança relativamente ao que aconteceu há cinco anos. Gostaríamos que se começasse a ter em consideração a totalidade dos franceses, e não apenas uma parte, porque é o que tem acontecido: se o movimento dos Coletes Amarelos emergiu, é claramente porque havia uma parte da população que foi deixada para trás”, frisa à Lusa o empresário militar que costuma organizar as deslocações de Le Pen às exposições de armamento.
Brigitte, de 63 anos - que pertenceu ao Partido Cristão Democrata (PCD, na sigla em francês) e ao partido de centro-direita UMP, quando foi liderado pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy – diz à Lusa que está confiante na vitória de Le Pen porque Macron “mostrou as suas cores” nos últimos cinco anos e o seu “desprezo pela população”.
A sexagenária, que chega maquilhada e de vestido escuro com botões prateados, descarta os receios de que Marine Le Pen possa acabar com o projeto europeu, referindo que se, para alguns países, “é interessante pertencer à União Europeia”, para a França não o é, porque “dá muito mais do que recebe”.
“É uma questão de bom senso. Os portugueses não têm nada a temer, porque têm uma identidade forte, são pessoas de que gostamos muito em França, gostamos da sua beleza e da sua personalidade. (…) O importante é que cada um floresça, que encontre o seu lugar e fique no seu lugar”, sublinha.
Para mostrar precisamente as ligações que Marine Le Pen tem a nível europeu, o eurodeputado do partido de extrema-direita AfD Gunnar Beck, deslocou-se hoje até ao pavilhão d’Armenonville.
À Lusa, mete ‘água na fervura’ quando comparado com o otimismo dos restantes militantes franceses que estão no pavilhão, afirmando que “Macron está à frente nas sondagens” e uma vitória de Le Pen seria “uma grande surpresa”.
“Para nós, seria um milagre muito bem-vindo. Já vimos situações mais espantosas, como a vitória do ‘Brexit’ ou de Trump. (…) A França é um dos países europeus mais importantes e seria, sem dúvida alguma, um grande marco”, diz o também vice-presidente da família política europeia Identidade e Democracia (ID), a que pertence o partido Chega.
Pouco depois de ter votado em Marine Le Pen, Clément, de 20 anos, que pertence aos “Jeunes avec Marine” [Os jovens com a Marine], salienta que está “mais otimista do que nunca”, porque “os anos vão passando” e as “pessoas vão-se apercebendo” que o sistema não muda.
No entanto, em caso de derrota da candidata de extrema-direita – que seria a sua segunda, depois de já ter perdido em 2017 -, o jovem pondera se Le Pen pode continuar a encabeçar a União Nacional.
“Não sei se pode continuar a liderar. (…) De qualquer forma, ainda nada acabou: as legislativas estão a chegar muito rapidamente e, também aí, poderia haver uma grande surpresa para o nosso campo”, sublinha.
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