
O presidente da câmara de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, de 53 anos, pró-europeu e aliado do governo centrista, enfrentava o historiador nacionalista Karol Nawrocki, de 42 anos.
As sondagens indicavam que a corrida estava demasiado equilibrada para se prever um vencedor.
As urnas encerram às 21h00 (19h00 GMT) neste país membro da UE e da NATO, que faz fronteira com a Ucrânia e tem sido um dos seus principais aliados na guerra contra a Rússia.
É esperado um inquérito à boca das urnas logo após o fecho das urnas, e as autoridades eleitorais preveem que o resultado final seja conhecido na segunda-feira.
“Votei no Trzaskowski. É culto, fala várias línguas, é inteligente, é simplesmente excelente,” disse Agnieszka Lewinska, empregada de limpeza de 56 anos, na vila de Halinow, perto da capital.
Já Lila Chojecka, reformada de 60 anos em Varsóvia, disse ter votado em Nawrocki. “Os valores católicos são importantes para mim. Sei que ele os partilha”, afirmou à AFP, considerando o candidato “uma esperança para a Polónia”.
Uma vitória de Trzaskowski representaria um impulso significativo para a agenda progressista do governo liderado por Donald Tusk, antigo presidente do Conselho Europeu.
Poderia traduzir-se em mudanças sociais relevantes, como a introdução de parcerias civis para casais do mesmo sexo e o afrouxamento da proibição quase total do aborto.
Na Polónia, uma economia em rápido crescimento com 38 milhões de habitantes, o presidente tem poder de veto sobre legislação e é também comandante supremo das Forças Armadas.
Já uma vitória de Nawrocki daria novo alento ao partido populista Lei e Justiça (PiS), que governou o país entre 2015 e 2023, e poderia levar a novas eleições parlamentares.
Muitos dos seus apoiantes defendem restrições mais duras à imigração, promovem valores conservadores e querem mais soberania nacional dentro da União Europeia.
“Não devemos ceder à pressão europeia,” afirmou Agnieszka Prokopiuk, de 40 anos, dona de casa, antes da votação.
“Precisamos de seguir o nosso próprio caminho... e não nos rendermos às modas do Ocidente”, disse à AFP em Biala Podlaska, no leste da Polónia, junto à fronteira com a Bielorrússia.
Ucrânia
A especialista em política Anna Materska-Sosnowska classificou estas eleições como “um verdadeiro choque de civilizações”, dada a enorme diferença de posições entre os dois candidatos.
Muitos eleitores de Trzaskowski apoiam uma maior integração na UE e o acelerar das reformas sociais.
Malgorzata Wojciechowska, guia turística e professora na casa dos cinquenta, afirmou que as mulheres polacas “infelizmente não têm os mesmos direitos das nossas amigas europeias”.
“Espero que Rafal Trzaskowski volte a trazer o debate sobre o aborto para a mesa, para que possamos finalmente viver num país livre onde temos direito à nossa opinião,” declarou à AFP.
A eleição está também a ser observada de perto na Ucrânia, que procura reforçar o apoio internacional nas negociações com a Rússia, à medida que a invasão russa continua.
Nawrocki, admirador de Donald Trump, opõe-se à adesão da Ucrânia à NATO e defende restrições aos apoios sociais para os cerca de um milhão de refugiados ucranianos na Polónia.
Nas últimas horas da campanha, na sexta-feira, Nawrocki deixou flores num monumento dedicado aos polacos mortos por nacionalistas ucranianos durante a Segunda Guerra Mundial.
“Foi um genocídio contra o povo polaco,” declarou.
O resultado final das eleições deverá depender da capacidade de Trzaskowski mobilizar os seus apoiantes e de saber se os eleitores de extrema-direita votarão em Nawrocki.
Os candidatos de extrema-direita obtiveram mais de 21% dos votos na primeira volta, que Trzaskowski venceu por uma margem mínima: 31% contra 30% para Nawrocki.
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