O relatório da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) relativo a julho precisa que nos primeiros sete meses do ano ocorreram em Portugal 18.889 acidentes de viação, que resultaram em 253 mortos, 1.398 feridos graves e 22.021 feridos ligeiros.
“Em relação a 2019, ano de referência para monitorização da meta fixada pela Comissão Europeia e por Portugal, de redução do número de mortos para 2030, registaram-se menos 1.917 acidentes (-9,2%), menos 43 vítimas mortais (-14,5%), mais quatro feridos graves (+0,3%) e menos 3.083 feridos leves (-12,3%)”, indica o relatório de sinistralidade a 24 horas e fiscalização rodoviária de julho de 2022.
A ANSR avança que, em comparação com período homólogo de 2021, ano em que ainda se verificaram quebras na circulação rodoviária devido à pandemia de covid-19, nos primeiros sete meses de 2022 registaram-se mais 3.257 acidentes (+20,8%), mais 60 vítimas mortais (+31,1%), mais 237 feridos graves (+20,4%) e mais 3.946 feridos leves (+21,8%).
O documento salienta que, relativamente a 2021, este ano tem vindo a registar-se um aumento da circulação rodoviária, com “o correspondente acréscimo no risco de acidente, como se pode concluir do aumento de 12% no consumo de combustível rodoviário até julho, de acordo com dados da Direção-Geral de Energia e Geologia, e do crescimento de 30% no tráfego das autoestradas registado no primeiro semestre”.
A ANSR destaca o aumento este ano de quase 21% de acidentes com motas em relação ao mesmo período de 2021, tendo ocorrido 5.492 desastres com estes veículos de duas rodas, que provocaram 72 mortos (mais 38,5%), 425 feridos ligeiros (mais 16,8%) e 5.134 (mais 20,0%).
No entanto, os automóveis ligeiros foram os veículos mais envolvidos em acidentes entre janeiro e julho, representando 71,4% do total, um aumento de 22,8% relativamente ao período homólogo de 2021.
Segundo o relatório, a colisão foi a natureza de acidente mais frequente (53,0% dos acidentes), com 38,2% das vítimas mortais e 43,0% dos feridos graves, enquanto os despistes, que representaram 34,3% do total dos destrates, corresponderam à principal natureza de acidente na origem das vítimas mortais (49,4%).
Entre janeiro e julho, os atropelamentos aumentaram cerca de 32% em relação ao mesmo período do ano passado, tendo-se registado 2.313 que resultaram num crescimento de 24% das vítimas mortais (31) e de 1,8% nos feridos graves (168).
A ANSR indica que, até julho deste ano, a sinistralidade dentro das localidades correspondeu a 79,2% dos acidentes, mas foi fora das localidades que os desastres mais aumentaram (35%), bem como as vítimas mortais (101,5%) e os feridos graves (38%).
De acordo com o mesmo documento, os arruamentos foram as vias com mais acidentes este ano, tendo os desastres registado neste tipo de via um crescimento de 20,5%, as vítimas mortais aumentado 11,8% e os feridos graves subido 22,4%, enquanto nas estradas nacionais verificaram-se aumentos de 43,6% e 30,1% nas vítimas mortais e feridos graves, respetivamente.
Por sua vez, precisa o relatório, nas autoestradas, com 5,2% do total de acidentes, os aumentos de vítimas mortais (+66,7%) e de feridos graves (+19,2%) foram significativos.
“O índice de gravidade (vítimas mortais por 100 acidentes) acentuou-se especialmente nos itinerários principais (+72,2%) e itinerários complementares (+60,9%), sendo ainda de salientar o agravamento nas autoestradas (+27,1%), por contraste com menos 7,3% nos arruamentos. Considerando a evolução da sinistralidade mais grave em termos alargados salientam-se os agravamentos mais significativos nos itinerários principais e itinerários complementares”, frisa a ANSR.
O relatório dá igualmente conta que, entre janeiro e julho, se verificou um aumento no número de acidentes em todos os distritos, mais acentuadamente na Guarda (+34,6%) e em Portalegre (+33,3%).
“No que diz respeito ao número de vítimas mortais, os aumentos ocorreram em 15 distritos, com os maiores contributos numéricos em Leiria (+11), Coimbra e Beja (+8 em cada). Os feridos graves aumentaram em 15 dos 18 distritos do Continente, nomeadamente no Porto (+61) e em Setúbal (+43)”, segundo o documento.
A ANSR refere também que a maioria das vítimas mortais, 66,7% do total, eram condutores, enquanto passageiros e peões corresponderam a 20,1% e 13,3%, respetivamente, registando-se aumentos nas vítimas mortais em todas as categorias de utentes, sobretudo nos passageiros, cujas mortes subiram 108,3% face ao mesmo período de 2021.
O relatório indica ainda que, entre janeiro e julho, 53,8% do número de vítimas mortais registou-se na rede rodoviária sob a responsabilidade da Infraestruturas de Portugal (44,2%), Brisa (5,6%) e os Municípios de Loures e Palmela (ambos com 2,0%).
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