Kamala e Trump cumprimentaram-se com um aperto de mãos sob o olhar do presidente Joe Biden em Manhattan, no local do World Trade Center, que foi completamente reconstruído. Esta foi uma imagem rara num país profundamente dividido.

Em seguida, os três permaneceram imóveis e em silêncio enquanto começava a leitura dos nomes das quase três mil vítimas dos ataques jihadistas perpetrados pelo grupo Al Qaeda em 2001. O ex-autarca de Nova Iorque, Michael Bloomberg, também esteve presente no ato.

"Há 23 anos, os terroristas pensaram que poderiam vergar nossa vontade e colocar-nos de joelhos. Eles estavam errados. Estarão sempre errados", afirmou Biden em comunicado.

"Nas horas mais sombrias, encontramos a luz. E diante do medo, unimo-nos para defender o nosso país e ajudar-nos uns aos outros", insistiu, defendendo a liberdade, a democracia e a unidade.

Biden foi visto a conversar com Trump pela primeira vez desde o debate de 27 de junho entre ambos, que fez com que o presidente perdesse o apoio dos democratas, alarmados com o seu desempenho desastroso. Em julho, Biden passou o testemunho à sua vice-presidente, Kamala Harris.

Noutro comunicado, Kamala também considerou que "a unidade é possível nos Estados Unidos (...) face ao terrorismo".

O primeiro aperto de mãos entre ela e Trump ocorreu na noite de terça-feira antes de um debate de 90 minutos.

A maioria dos comentaristas acredita que a democrata de 59 anos dominou o debate, colocando o magnata de 78 anos na defensiva, mas ele afirma tê-la "deitado abaixo".

"Então, porque é que eu quereria uma desforra?", perguntou Trump na sua rede Truth Social, recusando-se a participar num segundo debate, mas sugerindo que poderia mudar de ideias se a Fox News, o canal favorito da direita americana, organizasse um novo confronto.

De qualquer forma, nada garante que o debate de terça-feira terá um impacto decisivo nas eleições de 5 de novembro, já que a maioria dos americanos já decidiu em quem votar.

Segundo as sondagens, metade dos eleitores inclina-se pela democrata, enquanto a outra metade apoia o republicano.

A chave das eleições está, portanto, nas mãos de algumas dezenas de milhares de indecisos que vivem em seis ou sete estados considerados mais estratégicos.

Um desses estados-chave é a Pensilvânia, onde Joe Biden e Kamala Harris viajaram nesta quarta-feira para visitar outro dos alvos dos atentados de 11 de setembro: Shanksville, onde caiu um avião sequestrado por membros da Al Qaeda. Donald Trump também foi por conta própria.

Além da solenidade patriótica, houve tempo para fazer campanha, e uma cena completamente surpreendente aconteceu: durante a sua visita ao quartel de bombeiros local, Joe Biden colocou um boné com o slogan "Trump 2024".

De acordo com um porta-voz da Casa Branca, o presidente democrata disse que era necessário voltar à unidade bipartidária que reinou no país após o 11 de Setembro. "Como gesto, ele deu um boné a um apoiante de Trump, que então disse que, com o mesmo espírito, [Biden] deveria colocar o seu boné de Trump", acrescentou o porta-voz Andrew Bates na rede social X.

O presidente colocou o boné "brevemente" sobre o seu próprio, justificou. "Obrigado pelo apoio, Joe!", publicou ironicamente a equipa de campanha do republicano no X.

Esta quinta e sexta-feiras, a corrida pela Casa Branca será retomada por completo. Kamala visitará a Carolina do Norte e a Pensilvânia, e Donald Trump viajará ao Arizona e Nevada, quatro estados cruciais para as eleições.