"É uma honra e uma responsabilidade, sou o mais novo de sempre a receber este prémio, é uma responsabilidade acrescida receber o Prémio Francisco de Melo e Torres enquanto embaixador responsável pelo Senegal, Gâmbia, Guiné-Conacri, Serra Leoa, Burkina Faso e Libéria", disse Vitor Sereno, em declarações à Lusa.
Para o diplomata, a entrega do prémio mostra "uma mudança de paradigma geracional" e o reconhecimento do trabalho de "lóbi" feito pela embaixada.
"Nós trabalhamos, o lóbi institucional, nós, representações internacionais de Portugal, não temos de ter medo de dizer que fazemos lóbi todos os dias pelas empresas portuguesas na região", defendeu Vitor Sereno, que antes de ir para Dacar, em setembro de 2018, já esteve destacado nas missões portuguesas em Roterdão, Macau e Hong Kong e Estugarda, entre outras.
A relação comercial entre Portugal e estes países africanos aumentou significativamente nos últimos anos, segundo o diplomata, que destaca as "enormes oportunidades para as empresas portuguesas" que queiram apostar na região.
"Entre 2018 e 2019, o investimento direto português nestes países passou de 74 milhões de euros para 180 milhões de euros, representando um aumento de 143%, e o volume de negócios aumentou de 80 milhões de euros em 2018 para 190 milhões no ano passado, ou seja, subiu 237%", destacou o diplomata, não escondendo que, apesar das oportunidades, a região tem riscos.
"Há quatro grandes riscos na minha zona, desde logo a presença em força de grandes economias, como a China, a Turquia, e a França, que é incontornável, as dificuldades aduaneiras em certos produtos, como o vinho, o elevado preço do crédito bancário e um desconhecimento generalizado destes mercados pelas empresas portuguesas", que Vitor Sereno pretende melhorar com a organização de missões empresariais e a presença em feiras e exposições de caráter comercial.
Sobre o Senegal, país onde reside, o embaixador destaca que é um país muito apetecível, sendo uma das economias em mais rápido crescimento e com estabilidade política e segurança jurídica.
"A Costa do Marfim e o Senegal são das economias mais fortes do continente, o Senegal em 2019 foi a quinta maior a crescer em África e vai entrar no top 3 de certeza", disse, destacando que "como diz o ministro dos Negócios Estrangeiros local, no Senegal vota-se ao domingo e trabalha-se normalmente à segunda-feira".
Além da estabilidade política, Vitor Sereno salienta ainda os 12 mil milhões de euros em investimentos ao abrigo do plano Senegal Emergente, "que são oportunidades para os empresários portugueses na construção e obras públicas, agroindústria, metalomecânica, energia e infraestruturas logísticas".
Criado pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) o prémio, na sua sétima edição, e que será entregue no Seminário Diplomático, hoje, às 17:00 no Museu do Oriente, distingue o chefe de missão diplomática que, ao longo do ano, se tenha destacado no desenvolvimento e apoio à internacionalização de empresas portuguesas e na captação do investimento estrangeiro, contribuindo para o crescimento da economia portuguesa, segundo a organização.
O júri é presidido pelo embaixador António Monteiro, contando ainda com Bruno Bobone, presidente da CCIP, Paulo Portas, vice-presidente e Miguel Horta e Costa, membro da direção. Tem o valor de 25 mil euros, destinado a ações de apoio à internacionalização das empresas portuguesas e na captação de investimento estrangeiro, contribuindo deste modo para a melhoria do desempenho da Missão Diplomática premiada, conclui a informação da CCIP.
A CCIP é a associação empresarial mais antiga do país tendo como missão de apoiar as empresas no seu crescimento e expansão para os mercados estrangeiros, afirmando-se, assim, como parceira privilegiada para a internacionalização da economia nacional e promovendo igualmente a ligação entre as PME e as grandes empresas, e preside, há 80 anos, à delegação portuguesa da ICC - Câmara de Comércio Internacional que é a maior organização associativa empresarial do mundo, presente em 130 países.
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