Segundo o porta-voz da Presidência turca, Ibrahim Kalin, “o objetivo da visita é sobretudo coordenar com a Rússia a situação que surgirá depois da retirada dos Estados Unidos” da Síria.
Washington anunciou em dezembro passado a partida de território sírio dos cerca de 2.000 soldados norte-americanos que aí se encontram, justificando a retirada com a derrota do grupo extremista Estado Islâmico (EI), mas os ‘jihadistas’, entrincheirados em pequenos setores no leste da Síria, continuam a perpetrar atentados mortíferos.
Ancara está a negociar com Washington criar e controlar uma faixa de segurança de 32 quilómetros de largura, ao longo da fronteira turco-síria, dela expulsando as milícias sírias curdas Unidades de Proteção do Povo (YPG), aliadas dos Estados Unidos na luta contra o EI.
A Turquia considera as YPG uma entidade terrorista devido à sua ligação ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha turca curda, e quer acabar com a administração autónoma que as milícias curdas instalaram no norte da Síria – uma ideia que desagrada à Rússia, porque dificultará que o regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, que Moscovo apoia, recupere o controlo sobre esse território.
“Estamos convencidos de que a única opção e a melhor é a transferência desses territórios para o controlo do Governo sírio, o exército sírio e as administrações locais”, disse recentemente o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov.
Moscovo e Ancara apoiam grupos opositores na Síria: o apoio militar russo é vital para o regime, ao passo que as tropas turcas armam e apoiam as milícias islâmicas surgidas da rebelião contra o regime de Damasco.
A possibilidade de, perante um avanço turco, as YPG preferirem entregar o território a Assad preocupa Ancara, mas é do agrado de Moscovo, pelo que a retirada norte-americana poderá abrir novos conflitos de interesses entre a Turquia e a Rússia.
“Aplaudimos e apoiamos os contactos iniciados entre representantes curdos e as autoridades sírias com o objetivo de acordar como restaurar a vida num Estado único sem ingerência externa”, afirmou Lavrov.
Erdogan anunciou também para breve uma cimeira tripartida com Putin e o Presidente iraniano, Hassan Rohani, que se prevê possa realizar-se nos próximos meses.
Esta primeira viagem de Erdogan ao estrangeiro este ano reflete a estreita comunicação que mantém com Putin: em 2018, os dois líderes falaram por telefone 18 vezes e reuniram-se pessoalmente sete vezes, segundo dados da agência Anadolu.
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