A federação das escolas particulares, que tem mais de 200 mil associados, lidera um protesto nacional com o lema "Eu não sou Malala", no qual acusa de "terrorismo ideológico" a ativista, que voltou esta semana ao país pela primeira vez depois de quase seis anos.
De acordo com o presidente da Federação de Escolas Particulares do Paquistão, Mirza Kashif Ali, os professores participantes, que em 2014 proibiram a leitura do livro da ativista "Eu sou Malala" nas salas de aula, usaram braceletes de cor preta e explicaram aos alunos os planos "perversos" de Malala Yousafzai.
"Não damos boas-vindas à Malala", afirmou Kashif, na cidade de Lahore.
Mirza Kashif Ali acusou Malala, atualmente com 20 anos, de trabalhar como agente para outros países, transmitir uma ideologia secular e defender o escritor Salman Rushdie e o seu livro Versículos Satânicos.
"Condenamos este terrorismo ideológico e protestamos por isso", ressaltou Kashif.
Num vídeo divulgado pela federação, crianças mostravam cartazes com a frase "Eu não sou Malalal", com o nome da ativista mal escrito de propósito. Noutra gravação, um professor explicava que Malala causou grande prejuízo à imagem internacional do país, especialmente ao Exército.
De acordo com o site do grupo, entre os objetivos da federação estão "proteger e preservar a soberania e a integridade e defender a ideologia do Paquistão", assim como "defender e proteger a Constituição da República Islâmica do Paquistão".
Malala regressou ao país na quinta-feira, depois de quase seis anos de ausência, tendo-se declarado muito feliz por estar no Paquistão.
“Estou muito feliz. Nem consigo acreditar que estou aqui”, declarou comovida num breve discurso na residência do primeiro-ministro, Shahid Khagan Abbasi, em Islamabad, algumas horas depois de chegar de surpresa ao Paquistão.
“Nos últimos cinco anos sonhei sempre poder voltar ao meu país”, adiantou, tendo prometido que continuará a fazer campanha pela educação das raparigas e pedido aos paquistaneses que se unam em questões como os cuidados de saúde e a educação.
Malala Yousafzai abandonou o Paquistão entre a vida e a morte após a tentativa de assassínio realizada por militantes talibãs quando regressava da escola.
Tratada em Inglaterra, onde vive, tornou-se um ícone dos direitos das raparigas à educação, o que lhe valeu o prémio Nobel da Paz em 2014, em conjunto com o indiano Kailash Satyarthi.
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