O estudo, divulgado na publicação da especialidade Frontiers in Neural Circuits, resulta de uma colaboração entre as agências espaciais europeia (ESA) e russa (Roscosmos) e analisou as imagens dos cérebros de 12 astronautas antes e depois da sua permanência no espaço, que em média durou cerca de seis meses.
Os resultados revelam alterações microestruturais significativas em vários segmentos da substância branca, como os relacionados com funções sensoriomotoras. A substância branca é o canal de comunicação do cérebro.
O cérebro humano pode mudar e adaptar-se na sua estrutura e função ao longo da vida.
À medida que a exploração humana do espaço vai ganhando "novos horizontes", é "crucial compreender os efeitos de um voo espacial no cérebro", justifica em comunicado a Frontiers, que edita a publicação de acesso aberto Frontiers in Neural Circuits.
Estudos anteriores concluíram que uma viagem espacial tem a potencialidade de alterar a forma e a função do cérebro. O novo estudo detetou mudanças na estrutura do cérebro.
"Encontrámos mudanças nas conexões neurais entre as várias áreas motoras do cérebro. As áreas motoras são centros cerebrais onde os comandos para os movimentos são iniciados. Na ausência de peso, um astronauta precisa de adaptar as suas estratégias de movimento drasticamente", afirmou, citado no comunicado, o primeiro autor da investigação, Andrei Doroshin, da Universidade Drexel, nos Estados Unidos.
Os investigadores usaram uma técnica de imagem chamada tractografia de fibra, que permite estudar a forma e o estado dos diferentes segmentos da substância branca do cérebro.
Segundo os autores, novos estudos poderão vir a suportar medidas a adotar para minimizar os efeitos da microgravidade no cérebro dos astronautas.
Atualmente, os astronautas praticam pelo menos duas horas diárias de exercício físico na Estação Espacial Internacional para contrariar a perda de massa muscular e óssea.
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