O acordo foi assinado em 1987, ainda durante a Guerra Fria, e tem como objetivo eliminar os mísseis nucleares e convencionais de curto e médio alcance, explica a agência noticiosa EFE.
"Os Estados Unidos suspenderão as suas obrigações no âmbito do tratado INF no dia 2 de fevereiro", disse esta sexta-feira o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, numa conferência de imprensa em Washington.
Pompeo acrescentou ainda que, se Moscovo não terminar com as alegadas violações do pacto, os EUA se retiram de vez do tratado dentro de seis meses.
Em comunicado, o Presidente dos EUA, Donald Trump, acusou a Rússia de ter violado o tratado “por tempo demais (...) com impunidade, desenvolvendo secretamente e colocando em campo um sistema de mísseis proibidos, que representa uma ameaça direta aos nossos aliados e aos nossos militares no estrangeiro”, avança a agência Lusa.
Donald Trump afirmou que os EUA “aderiram totalmente” ao pacto por mais de 30 anos, mas que não podem continuar limitados aos seus termos enquanto a Rússia deturpa os seus termos.
“Não podemos continuar a ser o único país do mundo unilateralmente vinculado ao tratado”, explicou Donald Trump, no comunicado.
A decisão dos EUA era aguardada desde outubro de 2018, quando Donald Trump, ameaçou romper o tratado de controlo de mísseis de médio alcance, se a Rússia não destruísse o míssil Novator – que, segundo a NATO, viola o acordo de desarmamento nuclear.
Moscovo continua a dizer que a Rússia nunca desrespeitou o INF e recusa as exigências de Washington.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, pediu esta quarta-feira, dia 30, aos EUA para retomarem as negociações.
Ao mesmo tempo que Lavrov exprimia esta posição, os EUA acusaram a Rússia e a China de não divulgarem os seus programas nucleares, colocando em causa a preservação de tratados de limitação nuclear.
Tecnicamente, a retirada dos EUA entrará em vigor apenas seis meses após a notificação de hoje, deixando espaço para novas negociações que podem salvar o tratado.
No entanto, após uma reunião, esta semana em Pequim, as partes não registaram qualquer avanço na sua disputa, deixando poucas razões para pensar que qualquer dos lados mudará a sua posição sobre o pacto.
As cinco maiores potências mundiais (EUA, China, Rússia, Reino Unido e França) reuniram-se esta semana em Pequim para discutir a política nuclear e, durante esse encontro, a vice-secretária de Estado dos EUA encarregada do controlo de armas e de segurança internacional disse existir falta de transparência por parte da China e dos EUA sobre os seus planos nucleares.
Em resposta, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Geng Shuang, disse que o governo chinês está “comprometido com o progresso das negociações” à volta dos tratados de desarmamento nuclear.
O vice-ministro dos Negócios estrangeiros russo, Sergey Riabkov, disse que o seu governo está igualmente empenhado em travar a guerra ao armamento e que “muitas questões permanecem sem solução apenas devido à falta de vontade política”, considerando que os EUA não têm tido uma atitude correta perante os parceiros de acordo.
Mas a perceção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) é diferente, apontando o dedo a Moscovo, por não se empenhar em encontrar saídas para o impasse negocial à volta do tratado INF.
“Não houve nenhum progresso real, porque a Rússia não mostrou vontade de mudar a sua posição”, afirmou esta semana o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenbert, no final de uma reunião de embaixadores, em Bruxelas, para discutir as divergências da organização com o governo russo.
O tratado INF foi assinado em Washington entre os EUA e a União Soviética, em 1987, e entrou em vigor em 1988, estipulando a eliminação de todos os mísseis convencionais e nucleares com alcance entre 500 e 5.000 quilómetros.
Este tratado é considerado uma pedra angular no controlo de uma nova corrida às armas nucleares e o seu abandono constituiu uma ameaça que preocupa várias organizações internacionais.
*Com agências
[Notícia atualizada às 17h38]
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