De acordo com a agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), a efígie de bronze representa o antigo líder militar com um walkie-talkie e um colete à prova de bala com três carregadores e, a seu lado, está o seu ‘braço direito’, Dmitri Outkine, com uma Kalashnikov na mão.

Ao contrário de outros países africanos, onde os contingentes do grupo paramilitar Wagener foram reestruturados sob o nome de ‘Africa Corps’, as chamadas ‘tropas Wagner’ mantiveram toda a sua influência na República Centro-Africana desde o seu destacamento em 2018, a pedido do Presidente, Faustin Archange Touadéra, que concedeu, em contrapartida, licenças de exploração de ouro e diamantes.

A inauguração das estátuas destas duas figuras que morreram num desastre de avião em 2023, pouco depois de uma alegada tentativa de golpe de Estado na Rússia, foi celebrada na presença de vários funcionários e oficiais superiores centro-africanos, incluindo o ministro da Defesa e o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.

As duas figuras “fazem parte da relação bilateral” da RCA com a Rússia, lê-se na conta da Polícia Nacional Centro-Africana no Facebook, escreve a AFP.

“Os russos devem ser celebrados pelos seus esforços no nosso país, e convido outros países africanos a inspirarem-se neste exemplo”, disse à AFP Élysée Bafolo, uma agente imobiliária de 30 anos.

Por outro lado, Trésor Yazimango, de 34 anos, gestor de projetos de uma Organização Não Governamental local, considera o contrário: “A RCA é um país soberano e não precisamos destas estátuas; se os russos quisessem realmente desenvolver o país, deveriam ter utilizado o dinheiro para construir estradas e melhorar as infraestruturas”, afirmou.

Marcada por uma sucessão de guerras civis, golpes de Estado e regimes autoritários desde a sua independência de França, em 1960, a República Centro-Africana é um dos países mais pobres do mundo, apesar do seu subsolo muito rico.

Os conflitos diminuíram de intensidade nos últimos anos, mas subsistem bolsas de violência, com ataques de grupos rebeldes em zonas remotas e contra-ataques do exército centro-africano, apoiado pelos seus aliados paramilitares russos.

Yevgeny Prigozhin fundou o grupo Wagner em 2014, e estava inicialmente destacado em África e no Médio Oriente antes de ser mobilizado para a Ucrânia.

Era considerado próximo de Vladimir Putin, mas caiu em desgraça depois de ordenar aos seus homens que marchassem em direção a Moscovo, em junho de 2023, e morreu num acidente de avião, juntamente com vários dos seus colaboradores, em agosto do ano passado.