
“Seria errado esperar decisões e progressos imediatos”, afirmou o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Os russos e os ucranianos reuniram-se em Istambul na segunda-feira, para uma segunda ronda de negociações sob mediação turca, após uma primeira reunião em 16 de maio.
Mas, até agora, os esforços diplomáticos para encontrar uma saída para a ofensiva russa produziram poucos resultados, com Moscovo e Kiev a concordarem apenas com a troca de prisioneiros e de corpos de soldados mortos na frente de combate.
“A questão da resolução do conflito é extremamente complexa e envolve muitas ‘nuances'”, disse Peskov.
Moscovo pretende, acima de tudo, “eliminar as causas profundas do conflito” para alcançar a paz com Kiev, referiu.
Peskov elogiou, no entanto, os acordos importantes alcançados em Istambul, garantindo que “o trabalho vai continuar”.
“Estamos à espera de uma reação ao memorando que foi enviado”, afirmou, referindo-se à lista de exigências que Moscovo entregou aos ucranianos na segunda-feira.
Segundo o memorando, publicado pelas agências noticiosas russas TASS e Ria Novosti, Moscovo exige uma “retirada completa” do exército ucraniano das regiões parcialmente ocupadas de Donetsk e Lugansk (leste) e de Zaporijia e Kherson (sul).
Tal retirada deve ocorrer antes do “estabelecimento de um cessar-fogo de 30 dias”.
Outras exigências incluem o “reconhecimento legal internacional” das quatro regiões e da península da Crimeia, anexada em 2014, como territórios russos, bem como a neutralidade da Ucrânia, numa altura em que Kiev pretende aderir à NATO.
Todas estas exigências maximalistas já foram rejeitadas no passado pela Ucrânia, que, por sua vez, pede a retirada do exército russo do território ucraniano, cerca de 20% do qual está ocupado por tropas de Moscovo.
O Presidente russo, Vladimir Putin, apelou em 19 de maio a Kiev para que encontrasse compromissos, sem dar mais pormenores.
O porta-voz de Putin não quis hoje “tornar públicos” os eventuais compromissos pretendidos por Putin.
Peskov também considerou improvável, num “futuro próximo”, um encontro entre Putin e os homólogos ucraniano, Volodymyr Zelensky, e norte-americano, Donald Trump, sugerido pela Turquia na segunda-feira e pedido por Kiev.
A Casa Branca (presidência) disse que Trump estava pronto para se deslocar à Turquia para participar em tal cimeira.
Trump, que tomou posse em 20 de janeiro, disse durante a campanha eleitoral que poderia acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia em 24 horas.
As forças russas tinham a expectativa de conquistar Kiev em dois dias quando invadiram o país vizinho em 24 de fevereiro de 2022.
Mais de três anos depois, a guerra causou dezenas de milhares de mortos civis e militares dos dois lados, e o fim não parece estar à vista, como reconheceu hoje o porta-voz de Putin.
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