À agência Lusa, a diretora do estabelecimento prisional, situado na Quinta Lagar D’El Rei, de 92 hectares, dos quais em seis se desenvolve a vitivinicultura, explicou que inicialmente o vinho aí produzido era disponibilizado em embalagem ‘bag-in-box’.
“Não tínhamos vinhos engarrafados e, a partir deste projeto, conseguimos dar esse salto para o engarrafamento”, afirmou Joana Patuleia, adiantando que “as garrafas de vinho ‘Inclusus’ surgem desta parceria com a AdegaMãe, de Torres Vedras”, iniciada na vindima de 2018.
O nome ‘Inclusus’ surgiu das duas entidades. “Tem a ver com inclusão, é a imagem que queremos transmitir, é o nosso trabalho”, concretizou.
Segundo Joana Patuleia, por ocasião da vindima estão envolvidos “cerca de 20 a 30 jovens reclusos”. O estabelecimento tem cerca de 200, com idades entre os 16 e os 25 anos, de todo o país.
“Depois existem outro tipo de atividades que se desenvolvem ao longo do ano, como os amanhos culturais, a poda, tratamentos fitossanitários e outros e que envolvem também alguns jovens, num número mais reduzido”, entre quatro e cinco, adiantou, sendo este um trabalho sazonal, em média de oito meses, com seis horas diárias.
Esta responsável esclareceu que existem as marcas ‘Inclusus by AdegaMãe’ e ‘Inclusus by Quinta Lagar D’El Rei’, sendo que neste último caso a vinificação é feita na prisão-escola, “com a participação de jovens reclusos”. No primeiro, a uva é transportada para a empresa e a vinificação decorre nas suas instalações.
Sobre as mais-valias deste projeto, Joana Patuleia apontou “o aumento de postos de trabalho nesta brigada da vinha [os reclusos são remunerados], a valorização dos jovens através do trabalho e da formação profissional”, observando que estes “têm a possibilidade de receber formação através da AdegaMãe”, no estabelecimento prisional ou na empresa.
A diretora realçou ainda a importância da “preparação dos jovens para a sua saída em liberdade em termos promoção da empregabilidade” e criação de hábitos e rotinas de trabalho.
Por outro lado, assinalou a sustentabilidade da atividade vitivinícola no estabelecimento prisional e a entrada deste no mercado dos vinhos engarrafados.
Os vinhos da colheita de 2022, tinto e branco, estão disponíveis na Loja da Quinta, junto à portaria da prisão-escola, e na AdegaMãe, sendo que a expectativa é que se vendam todas as garrafas, de acordo com Joana Patuleia.
A colheita deste ano, com cerca de 21.500 litros, será colocada no mercado no próximo ano, numa estimativa de 1.500 garrafas de vinho branco e 1.900 garrafas de vinho tinto, sendo que o restante vai estar disponível nas embalagens ‘bag-in-box”.
“2023 foi um ano de melhor colheita”, reconheceu a responsável do estabelecimento.
A AdegaMãe (Região de Vinhos de Lisboa) é uma empresa do Grupo Ribeiralves. Teve a sua primeira vindima em 2010 e produz cerca de dois milhões de garrafas de vinho por ano, segundo uma nota de imprensa da empresa.
Comentários