Segundo disse à Lusa o diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, José Dinis, esta estratégia “passará muito pela vacinação, pela literacia e em ir para o terreno e ver as populações vulneráveis, por exemplo, os migrantes”.

“Com os migrantes, eu costumo dizer que o vírus vai e vem”, disse José Dinis, apontando ainda a população dos Países de Linga Oficial Portuguesa (PALOP): “nos PALOP as infeções, as neoplasias associadas ao HPV são prevalentes e são terríveis e o câncer do colo do útero é a principal causa de morte”.

Com estes contactos com a lusofonia, o responsável chamou a atenção para a importância da vacinação.

Segundo o documento de desafios e estratégias do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas (PNDO), da Direção-Geral da Saúde, que hoje será divulgado, esta estratégia tem como objetivo controlar a infeção do HPV em Portugal, diminuindo a incidência (novos casos) de todas a neoplasias associadas.

A estratégia incluirá propostas a nível da prevenção primária, diagnóstico precoce, vacinação e literacia, com um especial enfoque na diminuição das desigualdades regionais.

“Permitirá a acessibilidade a populações vulneráveis através da integração das diversas comunidades e associações neste desígnio, tais como migrantes, trabalhadores do sexo, reclusos, populações com limitações socioeconómicas e outros grupos minoritários”, refere o documento, a que a Lusa teve acesso.

José Dinis adiantou ainda que Portugal vai passar a fazer parte da IARC - Agência Internacional para o Estudo das Doenças Oncológicas da Organização Mundial da Saúde.

Segundo o relatório de 2024 da Avaliação e Monitorização dos Rastreios Oncológicos de Base Populacional, hoje divulgado, em 2023, foi convidada a realizar o rastreio do cancro do colo do útero 59% da população elegível e realizados 310.976 rastreios (301.477 no Continente e 9.499 na Região Autónoma dos Açores), com uma taxa de adesão de 94%.

Os dados indicam que a cobertura populacional em 2023 desceu 5 pontos percentuais (59%) face a 2022 (64%).

Do total de mulheres rastreadas, em Portugal continental e nos Açores, 6,5% (20.206) foram referenciadas para cuidados hospitalares.

A Região Autónoma da Madeira iniciou em 2023 um programa piloto para este rastreio, em 23% dos centros de saúde da região.

O diretor do PNDO explicou que este rastreio estava muito baseado nos médicos de família, o que prejudicava as regiões onde a falta de família é maior.

José Dinis fala ainda na importância dos kits de auto-colheita, que ainda não estão implementados no terreno: "Espero que daqui a 30 anos o cancro do colo do útero praticamente seja erradicado neste país".