“Estas negociações representam a última oportunidade que os três países devem aproveitar para chegar a um acordo”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Sameh Shoukry, citado pelos meios de comunicação social egípcios.
O acordo deverá permitir o avanço da segunda fase de enchimento da Grande Barragem Etíope do Renascimento (GERD) nos próximos meses e antes da próxima estação das chuvas.
“A reunião em Kinshasa visa desencadear uma nova dinâmica”, disse o anfitrião da reunião, o Presidente da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi, que também detém a presidência rotativa da União Africana (UA) desde fevereiro.
“Convido-vos a todos a um novo começo, a abrir uma ou mais janelas de esperança, a aproveitar todas as oportunidades, a reacender o fogo da esperança”, suplicou, saudando a vontade dos participantes em “procurar juntos soluções africanas para os problemas africanos”.
O embaixador dos Estados Unidos, Mike Hammer, também esteve presente na abertura da reunião, que deverá terminar na segunda-feira.
A GERD tem sido uma fonte de tensão entre os três países desde que foi lançada a primeira pedra para a sua construção em abril de 2011.
A barragem está a ser construída no noroeste da Etiópia, perto da fronteira com o Sudão, no Nilo Azul, um braço do rio que se junta ao Nilo Branco mais a norte, em Cartum, antes de continuar o seu curso para o Egito.
A GERD é apresentada como a maior barragem hidroelétrica em África com uma capacidade de quase 6.500 megawatts.
Adis Abeba anunciou em outubro que a primeira fase de enchimento foi concluída em agosto de 2020
A Etiópia diz que a energia hidroelétrica gerada pela barragem será vital para satisfazer as necessidades energéticas dos seus 110 milhões de habitantes.
O Egito, que depende do Nilo para cerca de 97% da irrigação e água potável, vê a barragem etíope como uma ameaça ao seu abastecimento de água.
O Sudão receia que as suas próprias barragens possam ser danificadas se a Etiópia prosseguir com o enchimento total do GERD antes de se chegar a um acordo.
O Egito “tem vindo a negociar nos últimos dez anos com uma verdadeira vontade política de chegar a um acordo”, acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio.
O acordo deve assegurar que a Etiópia possa cumprir os seus objetivos de desenvolvimento, preservando simultaneamente os “direitos e interesses” do Egito e do Sudão.
“Se todas as partes envolvidas tiverem vontade política e boas intenções, então podemos alcançar o acordo desejado que abre caminho para a cooperação” na região, concluiu Shoukry.
Comentários