“No meio do labirinto da burocracia pode acontecer que as comunicações não cheguem onde devem. Mas são apenas interpretações, eu sei que ambas as partes foram informadas”, afirmou Parolin após a apresentação de um livro sobre a figura do italiano Tonino Bello na Universidade Lumsa, em Roma.
Dirigindo-se aos jornalistas que o acompanharam no voo de regresso da viagem de três dias a Budapeste, o Papa afirmou: “Estou pronto para fazer o que for necessário [sobre a guerra na Ucrânia]. Além disso, agora há uma missão em curso, mas ainda não é pública. Vamos ver como… Quando for público, eu falarei”.
No entanto, os governos de Moscovo e Kiev responderam, com poucas horas de diferença, que desconheciam essa iniciativa de paz e disseram que não receberam nenhuma comunicação específica.
O secretário de Estado do Vaticano expressou sua perplexidade sobre estas reações, ignorando os motivos que estão por trás delas, e reiterou o apelo para “pôr fim a este massacre que está a afetar fortemente a Ucrânia com implicações também para a Rússia”, instando ambas as partes a “encontrar pontos de acordo”.
“O Papa disse que haverá uma missão que será anunciada quando for pública e repito as mesmas expressões que ele usou”, disse Parolin. “O Papa falou nestes termos, que seja ele quem dê mais Informações.”
Sobre o caso dos alegados ataques com ‘drones’, visando o Presidente russo, Vladimir Putin, Pietro Parolin comentou que “todos os atos de guerra, especialmente se servem para criar um clima mais hostil, certamente não aproximam a paz”.
“Não sei se hoje existem condições para um cessar-fogo. Esperemos. Acho que esta iniciativa -se é que existe – do Vaticano também deveria ir nessa direção. Como sempre dissemos, gostaríamos de chegar a um cessar-fogo dos combates e então iniciar um processo de paz”, concluiu.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.709 civis mortos e 14.666 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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