O chefe da diplomacia norte-americana – que iniciou esta semana uma nova ronda de contactos na região que começou na Jordânia e passou igualmente pela Turquia — voou da capital turca, Ancara, para a capital iraquiana, onde manteve conversações com o primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Chia al-Soudani, com o intuito de procurar uma abordagem para a nova situação política na Síria, após a queda do regime de Bashar al-Assad.

No final destas conversações, Blinken reafirmou o compromisso de Washington “de trabalhar com o Iraque na segurança e de trabalhar sempre pela soberania do país”, a fim de garantir que “esteja fortalecido e protegido”.

Blinken prometeu ainda que os EUA – que mantêm cerca de 2.500 soldados no Iraque e 900 na Síria – vão trabalhar para evitar qualquer ressurgimento do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI) na região.

Tanto o Iraque como a Síria sofreram com a insurgência do EI, que há 10 anos estabeleceu um autoproclamado califado que se estendeu aos dois lados da fronteira partilhada.

O Iraque, cuja missão diplomática em Damasco já retomou a sua atividade, prometeu estar empenhado em impedir a propagação de conflitos a partir da Síria.

A atual administração norte-americana democrata liderada pelo Presidente Joe Biden tinha concordado com o Iraque em pôr fim à presença militar da coligação internacional (liderada pelos EUA) até setembro de 2025, mas sem adiantar o que aconteceria às tropas norte-americanas, cuja presença é contestada por grupos armados xiitas iraquianos próximos do Irão.

Com a tomada de posse do Presidente eleito, o republicano Donald Trump, no próximo mês de janeiro, não fica claro se os EUA irão renegar este acordo ou mudar de tática à luz dos últimos acontecimentos na Síria.

Uma coligação rebelde liderada pela Organização Islâmica de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham, ou HTS, em árabe) lançou uma ofensiva relâmpago em 27 de novembro a partir da cidade síria de Idlib, um bastião da oposição, e conseguiu expulsar em poucos dias o exército de Assad das capitais provinciais de Alepo, Hama e Homs, abrindo caminho para Damasco.

Bashar al-Assad, que sucedeu ao pai Hafez em 2000, fugiu com a família para a Rússia no domingo, pouco antes da coligação rebelde, que inclui também fações pró-turcas, tomar Damasco e pôr fim a cinco décadas de poder da família do ex-presidente.