No documento, Robert Mueller não recomenda novas denúncias ou avança com acusações criminais com base na investigação sobre a interferência russa na campanha presidencial dos Estados Unidos em 2016, isentando o presidente Donald Trump e os seus familiares.
Um alto funcionário do departamento de Justiça disse à imprensa que após denunciar 34 pessoas, incluindo seis ex-associados de Trump, a equipa de Mueller não prevê novas denúncias. Dos 34 visados por Mueller, há 25 russos e seis ex-colaboradores do atual Presidente dos Estados Unidos: Paul Manafort, Rick Gates, Michael Flynn, Michael Cohen, George Papadopoulos e Roger Stone. Cinco destes acabaram condenados por vários crimes, mas nenhum ligado à suposta interferência russa nas eleições de 2016.
Não há indícios de que Trump ou membros da sua família estejam envolvidos em conluio com a Rússia ou tenham feito obstrução à Justiça, dois dos principais focos da investigação.
O relatório confidencial, que encerra uma investigação de quase dois anos sobre a interferência da Rússia na última eleição presidencial, será analisado agora por Barr, que não precisa torná-lo público, mas deve resumi-lo ao Congresso.
Em carta enviada ao Congresso, Barr colocou-se "à disposição para informar sobre as principais conclusões do documento a partir deste fim de semana".
No documento, Barr diz aos legisladores que consultará o seu adjunto, Rod Rosenstein, e Mueller para determinar o que mais do relatório poderá ser entregue ao Congresso e divulgado ao público.
"Sigo comprometido com a maior transparência possível, e vou mantê-los informados sobre a situação", escreveu Barr.
Democratas exigem plena divulgação do documento
"É imperativo que Barr torne público o relatório completo e que proporcione a documentação e o que encontrou ao Congresso", afirmaram a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e o líder da bancada democrata no Senado, Chuck Schumer, em comunicado conjunto.
Os dois destacaram que Barr "não deve dar ao presidente Trump, aos seus advogados ou ao seu pessoal qualquer informação sobre provas ou conclusões do procurador especial Mueller, e que não se deve permitir que a Casa Branca interfira nas decisões...".
"Peço ao governo Trump que torne público o relatório completo do procurador especial Mueller o mais cedo possível. Ninguém, incluindo o Presidente, está acima da lei", escreveu o senador Bernie Sanders, candidato democrata à presidência em 2020.
"Procurador-geral Barr: Divulgue o relatório Mueller para o público americano. Agora", exigiu no Twitter a senadora Elizabeth Warren, candidata liberal e possível adversária de Trump em 2020.
Kamala Harris, ex-procuradora-geral da Califórnia e também candidata à presidência, exigiu "transparência total" e declarou que "Barr deve declarar publicamente sob juramento sobre as conclusões da investigação".
A Casa Branca recebeu positivamente a apresentação do relatório de Robert Mueller: "as próximas etapas estão a cargo do procurador-geral Barr, e desejamos que o processo siga seu curso". "A Casa Branca ainda não recebeu o relatório, nem foi informada sobre seu conteúdo", destacou a porta-voz Sarah Sanders.
Trump nega enfaticamente qualquer vínculo impróprio da sua campanha com os russos, e considera que a investigação de Mueller é uma espécie de "caça às bruxas".
Nesta sexta-feira, Trump reforçou a sua campanha para colocar a opinião pública contra Mueller ao questionar o facto de que "um homem que não obteve um voto sequer" possa escrever um relatório sobre o Presidente dos Estados Unidos.
"O povo não aceitará isto", disse aos jornalistas.
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