A associação não é imediata, mas a Euromaster faz parte da família Michelin, a empresa conhecida pelos pneus e também pelas estrelas com que pontua restaurantes que valem um desvio no caminho. Nasceu há mais de 60 anos e, claro, começou a sua rede em França, mas acabou por a alargar a outros mercados. Atualmente, a marca conta com 2700 oficinas em 18 países europeus. Em Portugal, são já 87 oficinas franchisadas e o objetivo é que o número chegue às 100. À frente da empresa em Portugal e Espanha está Francis Ferreira, um lusodescendente que já foi também responsável pela rede no Brasil.
A tradição é um valor forte no mercado das oficinas e Portugal é disso exemplo. Há cerca de 5500 oficinas independentes em Portugal (e 25 mil em Espanha), mas o número médio de carros reparados por cada uma é metade do que se verifica na França ou na Alemanha.
Muitos dos parceiros da Euromaster em Portugal trabalham com a rede há 20 ou 25 anos. “Muitos estão na terceira ou quarta geração e temos de saber aproveitar esta experiência e proximidade com o consumidor final”, refere Francis Ferreira.
Nos próximos dois a três anos, o objetivo é chegar aos 100 centros Euromaster em Portugal e para isso está em curso uma estratégia de angariação de novos franchisados. “Temos uma boa presença no litoral, mas faltam centros no interior, na fronteira com Espanha e mesmo em cidades como Porto e Braga ainda não estamos. Necessitamos crescer”.
“Um empreendedor que vem sem dinheiro, vamos encontrar uma solução”
Mais do que know how no setor ou investimento, o importante “é o espírito empreendedor”. “Um empreendedor que vem sem dinheiro, vamos encontrar uma solução”. Podem não vir do setor automóvel, nem das oficinas tradicionais, mesmo que os números mostrem que 50% da rede estava já ligada a este mercado.
“Eu tenho a visão que vai ser cada vez mais complicado ser independente de tudo e de todos. E fazendo parte de uma rede como a Euromaster, o empreendedor sabe que não está sozinho”, refere o CEO.
“A idade média da frota portuguesa é de 13 anos e a renovar vão ser precisos, aproximadamente, 25 anos”, adianta Francis Ferreira para ilustrar as necessidades que existem ao nível da reparação e manutenção automóvel. Os veículos elétricos ou híbridos têm vindo a ter progressivamente mais peso percentual nas novas matrículas, mas inserem-se num panorama global em que a idade média dos automóveis é elevada.
Para as empresas e também para os particulares, a incerteza sobre a evolução da tecnologia e da mobilidade leva a que a opção de compra seja preterida face ao aluguer. O automóvel é hoje mais um serviço do que um bem, o que torna as empresas de leasing e de renting clientes cada vez mais relevantes. “As empresas de renting são um negócio bancário e oferecem um serviço integrado, o que faz com que os condutores escolham as oficinas que estão previstas no contrato de leasing ou de renting”.
“As novas gerações têm pouco interesse no carro"
Também ao nível dos automobilistas, o cenário é de mudança. 80% dos clientes que entram num centro Euromaster chegam através da Internet, o que torna a digitalização dos serviços uma componente core da estratégia. A isto acresce um outro tipo de relação com o carro. “As novas gerações têm pouco interesse no carro. Cerca de 25% dos franceses com menos de 30 anos não tem carta de condução, mas mobilidade tem”.
2024 é apontado como um ano-chave para a meta de atingir 600 centros na Península Ibérica até ao final de 2026. Um número que serve o objetivo estratégico prestar serviço a 75% da frota de veículos ligeiros em circulação e a 80% dos camiões. A aposta nas novas soluções de mobilidade, nomeadamente os veículos elétricos, mas também as bicicletas e as trotinetes, faz parte da filosofia"One Stop Shop com que a marca se quer posicionar no mercado.
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