“O que mais choca neste caso é que uma fundação com fins artísticos e educativos possa ter beneficiado de créditos superiores a 350 milhões de euros para comprar ações num banco” e é “um absurdo” que um banco como a Caixa Geral de Depósitos conceda estes “créditos deste valor para uma luta acionista, especulativa”, afirmou Nuno Melo, dirigente e cabeça de lista do CDS às europeias, à margem de uma ação de campanha.
Se, durante a campanha, Nuno Melo tinha associado o chefe do Governo a José Sócrates, ex-primeiro-ministro, desta vez associou António Costa a Joe Berardo por o atual líder do PS ser um dos nomes que surge no decreto-lei que cria a fundação Berardo, em 2006.
O eurodeputado descreveu que quem subscreve o decreto – José Sócrates, primeiro-ministro, António Costa, ministro da Administração Interna e Teixeira dos Santos, ministro das Finanças.
A quem o acusa de “falar do passado”, Nuno Melo argumentou que, neste caso, não falam de um passado, mas sim de “um presente, e um presente muito traumático”.
“Como se vê com esta delinquência bancária que custa muito aos portugueses, acaba por ter sempre denominadores comuns, que têm nomes. Nomes que criam fundações, que logo depois lhes atribuem créditos que hoje os contribuintes portugueses pagam, enquanto vendem publicidade enganosa, de que devolvem rendimentos às famílias”, afirmou ainda Nuno Melo, ao lado de Assunção Cristas, a líder do CDS-PP, numa ação de campanha para as europeias de 26 de maio.
A ida de Joe Berardo à comissão parlamentar de inquérito à CGD no passado dia 10 provocou um coro de críticas, desde logo pela forma como se dirigiu aos deputados.
Perante os parlamentares, o empresário madeirense declarou que é "claro" que não tem dívidas, uma vez que as dívidas aos bancos (incluindo o banco público CGD) não são dívidas pessoais, mas de entidades ligadas a si. Berardo afirmou ainda que tentou "ajudar os bancos" com a prestação de garantias e que foram estes que sugeriram o investimento em ações do BCP.
Deu ainda a entender que os títulos de participação da Associação Coleção Berardo (a dona das obras de arte) que entregou aos bancos para reforçar as garantias dos empréstimos perderam valor com um aumento de capital em que as entidades financeiras não participaram, aparentemente porque não souberam que existiu.
A várias perguntas dos deputados, Joe Berardo disse ainda que deveriam era ser feitas aos bancos em causa: “Pergunte à Caixa, eles é que me emprestaram o dinheiro”.
Já confrontado com a ideia de que a Caixa “está a custar uma pipa de massa”, respondeu: “A mim, não!”.
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