Em comunicado divulgado após uma reunião com o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), a AMCP diz ter transmitido a Miguel Guimarães “preocupação” por esta lei colocar “doentes com doenças graves e incuráveis numa situação de enorme coação para pedirem a eutanásia”.
“Seguramente, muitos doentes, de modo particular os mais pobres e frágeis, sentir-se-iam socialmente pressionados a requerer a eutanásia, porque se sentem a mais ou um fardo para a família e para a sociedade. Há um enorme risco de se criar um efeito de desmoralização nestes doentes, levando-os a desistir de viver”, lê-se no comunicado.
A associação afirma recear também que, com a legalização da eutanásia, se “desincentive o investimento nos serviços de saúde para a assistência aos doentes graves e terminais” e se “assista ao fenómeno de rampa deslizante”.
“A experiência dos Estados que legalizaram a eutanásia revela que não é possível restringir essa legalização a situações raras e excecionais; o seu campo de aplicação passa gradualmente da doença terminal à doença crónica e à deficiência, da doença física incurável à doença psíquica dificilmente curável, da eutanásia consentida pela própria vítima à eutanásia consentida por familiares de recém-nascidos, crianças e adultos com deficiência ou com alterações profundas do estado de consciência”, referiu o presidente da associação e médico psiquiatra, Pedro Afonso.
A AMCP reiterou que a “prática médica é inconciliável com a prática da eutanásia” e, no comunicado, afirma ainda esperar que “a legalização da eutanásia seja rejeitada no próximo dia 29 de maio na Assembleia da República”.
Comentários