Cohen, de 52 anos, compareceu de surpresa para testemunhar no tribunal federal de Manhattan. De acordo com a Associated Press, o advogado disse ao juiz que mentiu quanto ao timing das negociações, entre outros detalhes, para ir de encontro à "mensagem política" de Trump.
Este caso remete para uma declaração que Cohen prestou a um comité do Congresso, dizendo que a empresa do, na altura futuro, presidente, que procurou realizar um projeto de uma Trump Tower em Moscovo durante as primárias dos republicanos. No entanto, o plano inicial seria abandonado "por uma série de razões de negócios".
Entre várias declarações que agora veio rectificar, está a informação de que todas as discussões quanto ao projeto da Trump Tower na Rússia, teriam cessado em janeiro de 2016, quando na verdade continuaram até junho desse ano. Cohen admitiu também agora que estava a negociar com Felix Sater, um empresário com grandes ligações políticas em Moscovo, e que enviou um email ao presidente russo, Vladimir Putin, como parte do acordo.
As negociações, segundo Cohen, começaram já Trump tinha declarado a sua candidatura e só terminaram não por incompatibilidade política mas quando foi determinado que o projeto não era fazível. Numa nota comprometedora para o presidente dos EUA, o advogado disse no seu depoimento que Trump estava a par das negociações, chegando até a assinar uma carta de intenção.
Michael Cohen foi advogado e conselheiro de Donald Trump durante mais de uma década e é considerado uma das mais importantes figuras neste processo de investigação, juntamente com Paul Manafort, antigo diretor de campanha de Trump, que também fez um acordo de confissão com Robert Mueller.
A confissão de Michael Cohen é a segunda em quatro meses, depois de já ter admitido outras acusações judiciais, envolvendo fraudes bancárias e trabalho ilícito de campanha para Donald Trump.
Esta nova confissão e acordo judicial com Robert Mueller é lida como mais um importante passo na investigação do processo russo.
Esta semana o procurador especial acusou Paul Manafort de ter mentido nos inquéritos em curso, violando o seu acordo de confissão.
Michael Cohen está a ser ouvido pelo gabinete do procurador especial há vários meses, tendo já prestado declarações em mais de 70 horas de sessões.
No início das inquirições a Cohen, Donald Trump classificou-o como "mentiroso", dizendo que ele será capaz de todas as falsidades "para se salvar de problemas".
Mueller investiga se a campanha eleitoral de Trump em 2016 coincidiu com as tentativas russas de prejudicar a sua adversária Hillary Clinton, e se Trump tentou obstruir ilegalmente a investigação.
Este caso ganhou outro impulso em agosto deste ano, quanto Cohen se declarou culpado em oito acusações, cinco de fraude fiscal, uma de fraude bancária e duas por violação das leis de financiamento das campanhas eleitorais. Para além disso, o advogado também admitiu ter pagado a duas mulheres a pedido de Trump e "com a intenção de influenciar as eleições" presidenciais de 2016.
Um mês depois, o seu advogado, Guy Petrillo, disse que o ex-assessor jurídico de Trump havia fornecido "informações importantes" para Robert Mueller.
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