Em dezembro de 2015, os responsáveis pela campanha presidencial de Donald Trump divulgaram uma nota escrita, atribuída ao médico Harold Bornstein, sobre o bom estado de saúde do então candidato republicano à Casa Branca.

O ex-médico pessoal de Donald Trump afirma agora que não redigiu o documento em causa. O atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “ditou toda a carta. Não escrevi essa carta”, assegurou Harold Bornstein.

"Essa carta é humor negro", continuou Bornstein à CNN. "É esse o meu sentido de humor. É como no filme ‘Fargo’: ele pega na verdade e move-a numa direção diferente”.

O documento descrevia a resistência e a força física de Trump como “extraordinárias” e reforçava que o candidato republicano era “o indivíduo mais saudável alguma vez a ser eleito para a Presidência".

Durante a campanha para as eleições presidenciais em 2016, a veracidade da carta já tinha sido questionada, devido à sua linguagem pouco científica.

Harold Bornstein, que exerce na cidade de Nova Iorque, na zona de Manhattan, afirmou alguns meses mais tarde que tinha escrito o texto em questão de forma apressada, enquanto o carro de Donald Trump aguardava pelo documento.

Agora, o médico contradiz-se: “Trump ditou-a e eu dizia-lhe o que ele não poderia colocar lá”, conta Bornstein.

Nestas novas revelações, o médico indicou ainda que elementos próximos de Donald Trump, entre os quais um guarda-costas do chefe de Estado e um advogado da Organização Trump, entraram no seu gabinete em fevereiro de 2017 e levaram todos os registos médicos relacionados com o atual Presidente.

“Eles estiveram cá durante 25 ou 30 minutos”, disse Bornstein. “Como é que se sentia se cuidasse de uma pessoa durante 35 anos e depois [os assessores] aparecem e roubam o escritório?, questiona à CNN.

Estiveram [no gabinete] entre 25 e 30 minutos. Foi um verdadeiro caos”, contou Bornstein, de 70 anos, declarando sentir-se “violentado, assustado e triste”.

Na terça-feira, a Casa Branca rejeitou estas alegações do médico, com a porta-voz da Presidência norte-americana, Sarah Sanders, a afirmar que se tratou de um "procedimento normal".

"Os dossiês estavam a ser transferidos para a unidade médica da Casa Branca”, disse a porta-voz.

Harold Bornstein foi o médico pessoal de Donald Trump durante 35 anos, segundo a estação norte-americana NBC.

Em janeiro passado, o médico da Casa Branca, Ronny Jackson, declarou que Donald Trump, de 71 anos, gozava de uma "excelente saúde”.

"A visita médica de hoje do Presidente ao hospital militar nacional de Walter Reed decorreu extremamente bem. O Presidente está em excelente saúde", declarou na altura Ronny Jackson, que desde 2013 estava encarregado de supervisionar o estado de saúde do anterior Presidente, o democrata Barack Obama.

Na semana passada, o médico Ronny Jackson viu-se envolvido numa polémica relacionada com a prescrição excessiva de medicamentos e com o consumo de álcool.

Perante tal polémica, o médico foi forçado a desistir da nomeação para o cargo de secretário dos Assuntos dos Veteranos.