“(Nicola) Gruevski conseguiu entrar clandestinamente na Albânia” e “atravessou a pé a fronteira (…) decerto para não atrair atenções”, afirmou à agência noticiosa AFP o porta-voz da polícia, Gentian Mullai, precisando que nenhum posto fronteiriço entre a Macedónia e o seu país foi informado da sua chegada.
Na quinta-feira, a polícia albanesa tinha indicado que Nikola Gruevski, 48 anos, tinha deixado o país no passado domingo em direção ao Montenegro a bordo de numa viatura da embaixada da Hungria em Tirana. Terá também sido transportado até à fronteira macedónio-albanesa por um carro com matrícula diplomática húngara.
Atualmente na Hungria, solicitou asilo político ao considerar ser vítima de perseguição, após a confirmação em apelo de uma pena de dois anos de prisão por abuso de poder.
A revelação pela Albânia da partida do antigo responsável numa viatura diplomática húngara é muito incómoda para Budapeste, por reforçar as suspeitas sobre uma participação ativa das autoridades deste país da União Europeia no plano de fuga de Gruevski.
O chefe do Governo húngaro, Viktor Orban, mantinha relações políticas próximas com Gruevski, no poder entre 2006 e 1016, e ambos representantes de uma direita autoritária, nacionalista e anti-imigração.
Segundo o diário montenegrino Vijesti, que cita uma fonte da direção da polícia, na sua entrada no Montenegro e na sua saída para a Sérvia — que faz fronteira a norte com a Hungria — Nikola Gruevski estava acompanhado por pessoas com passaporte diplomático húngaro, e a bordo de uma viatura com matrícula magiar.
Responsáveis da polícia montenegrina também confirmaram a entrada de Gruevski no país no passado domingo, e a sua saída no próprio dia, mas sem especificarem em que direção. A polícia sérvia e a embaixada húngara em Belgrado ainda não reagiram a estas informações, refere a AFP.
Antigo líder do partido VMRO-DPMNE (direita), Nikola Gruevski foi condenado por ter recebido para uso pessoal um Mercedes avaliado em 600.000 euros, pago com dinheiros públicos. Está ainda indiciado em outros cinco processos por corrupção, abuso de poder ou escutas ilegais.
Um porta-voz da Comissão europeia, apesar de recusar comentar “um processo judicial em curso”, pediu a “todas as partes envolvidas para atuarem estritamente segundo as regras em vigor”.
“O respeito pelo direito internacional é o mínimo que esperamos da Hungria”, comentou por sua vez o primeiro-ministro social-democrata macedónio, Zoran Zaev, adversário político de longa data de Gruevski.
O ex-líder macedónio em fuga é um crítico do acordo concluído por Zaev com o seu homólogo grego Aléxis Tsipras sobre a nova designação do país como “República da Macedónia do Norte”, destinado a encerrar um conflito político-diplomático de 25 anos entre Atenas de Skopje.
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