Ângelo Fernandes é o fundador da Quebrar o Silêncio — a primeira associação portuguesa de apoio especializado para homens e rapazes vítimas e sobreviventes de violência sexual — e autor do livro "De Que Falamos Quando Falamos de Violência Sexual Contra Crianças?", um guia dirigido a pais, mães e pessoas cuidadoras para a prevenção do abuso sexual de crianças. Além do apoio prestado aos homens sobreviventes na Quebrar o Silêncio, trabalha no sentido de informar e sensibilizar o público em geral sobre violência sexual, especificamente contra homens e rapazes, contribuindo para a erradicação de mitos e crenças sobre abuso sexual e desconstrução de estereótipos de género. Realiza acções de formação sobre violência sexual para profissionais de diversas áreas e estudantes universitários e dinamiza workshops para pais, mães e pessoas cuidadoras no sentido de capacitar para a prevenção da violência sexual contra crianças.
Uma jovem é violada, o crime é provado, mas a sentença do violador é suspensa porque “os tribunais não servem para destruir as vidas das pessoas". Mesmo quando se prova a violação, a vida das vítimas não tem valor face ao eventual futuro promissor do violador.
Não há como fugir a Baby Reindeer, a série do momento. No entanto, é importante refletir para além da ficção e do registo autobiográfico, e pensar sobre o que a série pode ensinar sobre trauma, violência sexual contra homens e o papel das vítimas.
A violência sexual online tem aumentado nos últimos anos, e as questões de género não devem ser ignoradas. Homens e rapazes são, cada vez mais, vítimas de extorsão sexual.
Muitos casos de abuso sexual no masculino ocorrem na infância, mas sabemos que muitos homens adultos também são vítimas de violência sexual. Nestes casos, as vítimas enfrentam sentimentos de vergonha e de culpa, o que intensifica o isolamento e o silêncio destes homens.
A violência sexual contra homens continua a ser ignorada, silenciada e um assunto tabu. São várias as vezes em que os homens vitimados são alvo de troça e comentários sexistas, como se fossem menos homens. A realidade é que ainda há muito por fazer.
Ainda persiste a ideia de que quem abusa sexualmente de crianças é um estranho de aparência suspeita e duvidosa. Mas na verdade, a maioria dos abusadores são pessoas amigas, próximas e de quem gostamos.
O termo “pornografia infantil” desvaloriza a violência sexual contra crianças como se fosse uma mera categoria pornográfica, quando não é este o caso. Não podemos normalizar este crime através do uso incorreto deste termo.
Urge que a União Europeia assuma o compromisso da luta contra CSAM, nomeadamente através da aprovação da proposta da Comissão Europeia que estabelece regras para prevenir e combater o abuso sexual de crianças. Um dos pontos fortes da proposta é a criação do Centro da UE. Um dos principais objetivos
As notícias têm um impacto no bem-estar psicológico e emocional das vítimas deste tipo de violência sexual, impacto esse que por vezes é ignorado. Como em tudo na vida, é preciso encontrar um equilíbrio, mas onde está a linha que o define? A resposta não é fácil.
“Os homens não podem ser abusados sexualmente” é um dos maiores mitos relativos à violência sexual contra homens e rapazes. Apesar de errada, esta ideia contribui para que os homens vitimados permaneçam isolados, a sofrer em silêncio e sem procurar a ajuda que necessitam.
Sempre que a Igreja Católica se recusa a tomar uma ação real, está a proteger os abusadores de crianças e está a dizer às vítimas que não adianta denunciar.
Hoje é o dia do pai e, um pouco por todo o lado, são partilhadas mensagens de comemoração. No entanto, este dia pode ser particularmente difícil para os homens que foram vítimas de violência sexual na infância.
Atualmente, são várias as crianças com smartphone, acesso a tablet ou computador com internet. São crianças que cresceram numa época em que as redes sociais são uma realidade instituída e que apelam de forma aliciante à produção de conteúdos. O problema é quando esses conteúdos podem ser utilizados
Apesar de todas as notícias publicadas frequentemente, a violência sexual continua a ser um tema tabu. Nesse sentido, aproveito o dia 18 de novembro, assinalado como o Dia Europeu para a Proteção das Crianças Contra a Exploração Sexual e o Abuso Sexual, para apresentar alguns aspectos que são comuns
A nova campanha da Heineken desafia os estereótipos de género e convida à reflexão sobre os rótulos associadas às bebidas. Poderá um homem beber um cocktail sem que a sua masculinidade seja afetada?
A Internet é um recurso importante de aproximação e contacto com as pessoas de quem mais gostamos. Mas é necessário ter algumas precauções, nomeadamente para quem tem crianças a seu cuidado.
Ouvir, acreditar e validar são os três eixos nos quais assentamos o nosso trabalho. Três anos parecem pouco tempo, mas também parecem uma década de trabalho.
Precisamos de desmistificar a crença de que é alguém com ar duvidoso, vil ou até mesmo asqueroso, que conseguimos facilmente reconhecer e identificar como perigoso.
Quem trabalha na área da violência sexual sabe que existe uma narrativa enraizada na sociedade que reforça a ideia errada de que violação, ou outra forma de abuso, é sexo ou uma experiência sexual. Mas não, não é — é crime. É preciso, cada vez mais, apresentar estes casos como crime e dessexualizar