Ângelo Fernandes é o fundador da Quebrar o Silêncio — a primeira associação portuguesa de apoio especializado para homens e rapazes vítimas e sobreviventes de violência sexual — e autor do livro "De Que Falamos Quando Falamos de Violência Sexual Contra Crianças?", um guia dirigido a pais, mães e pessoas cuidadoras para a prevenção do abuso sexual de crianças. Além do apoio prestado aos homens sobreviventes na Quebrar o Silêncio, trabalha no sentido de informar e sensibilizar o público em geral sobre violência sexual, especificamente contra homens e rapazes, contribuindo para a erradicação de mitos e crenças sobre abuso sexual e desconstrução de estereótipos de género. Realiza acções de formação sobre violência sexual para profissionais de diversas áreas e estudantes universitários e dinamiza workshops para pais, mães e pessoas cuidadoras no sentido de capacitar para a prevenção da violência sexual contra crianças.
As notícias têm um impacto no bem-estar psicológico e emocional das vítimas deste tipo de violência sexual, impacto esse que por vezes é ignorado. Como em tudo na vida, é preciso encontrar um equilíbrio, mas onde está a linha que o define? A resposta não é fácil.
“Os homens não podem ser abusados sexualmente” é um dos maiores mitos relativos à violência sexual contra homens e rapazes. Apesar de errada, esta ideia contribui para que os homens vitimados permaneçam isolados, a sofrer em silêncio e sem procurar a ajuda que necessitam.
Sempre que a Igreja Católica se recusa a tomar uma ação real, está a proteger os abusadores de crianças e está a dizer às vítimas que não adianta denunciar.
Hoje é o dia do pai e, um pouco por todo o lado, são partilhadas mensagens de comemoração. No entanto, este dia pode ser particularmente difícil para os homens que foram vítimas de violência sexual na infância.
Atualmente, são várias as crianças com smartphone, acesso a tablet ou computador com internet. São crianças que cresceram numa época em que as redes sociais são uma realidade instituída e que apelam de forma aliciante à produção de conteúdos. O problema é quando esses conteúdos podem ser utilizados
Apesar de todas as notícias publicadas frequentemente, a violência sexual continua a ser um tema tabu. Nesse sentido, aproveito o dia 18 de novembro, assinalado como o Dia Europeu para a Proteção das Crianças Contra a Exploração Sexual e o Abuso Sexual, para apresentar alguns aspectos que são comuns
A nova campanha da Heineken desafia os estereótipos de género e convida à reflexão sobre os rótulos associadas às bebidas. Poderá um homem beber um cocktail sem que a sua masculinidade seja afetada?
A Internet é um recurso importante de aproximação e contacto com as pessoas de quem mais gostamos. Mas é necessário ter algumas precauções, nomeadamente para quem tem crianças a seu cuidado.
Ouvir, acreditar e validar são os três eixos nos quais assentamos o nosso trabalho. Três anos parecem pouco tempo, mas também parecem uma década de trabalho.
Precisamos de desmistificar a crença de que é alguém com ar duvidoso, vil ou até mesmo asqueroso, que conseguimos facilmente reconhecer e identificar como perigoso.
Quem trabalha na área da violência sexual sabe que existe uma narrativa enraizada na sociedade que reforça a ideia errada de que violação, ou outra forma de abuso, é sexo ou uma experiência sexual. Mas não, não é — é crime. É preciso, cada vez mais, apresentar estes casos como crime e dessexualizar
Se a sociedade espera que um homem seja forte, mas, por outro lado, a vítima é fraca, que espaço resta aos homens que foram abusados sexualmente? O silêncio, o sofrimento invisibilizado, a ideia de que não merecem ajuda e uma imensa dificuldade em procurar apoio.
Antes de começar, é fundamental clarificar, desde já, que se uma vítima paralisar, congelar ou ficar inerte não está de algum modo a consentir ser violada. São reações naturais face a uma experiência traumática. Mas vamos por partes, pois debater violência sexual não é um tema fácil e há muitas ques
É fundamental que uma criança se sinta segura para explorar e ser feliz. É na infância que estabelecemos as relações com o mundo e com os outros, e é durante este período que vamos começando a nossa caminhada. Infelizmente, nem todas as crianças têm a possibilidade de ter uma infância segura. Sabemo
Na Quebrar o Silêncio é frequente perguntarem-nos por que falamos nós (tanto) de masculinidades. A resposta é simples: quando prestamos apoio especializado a homens que foram vítimas de violência sexual, é impossível não o fazer.
Se me tivessem perguntado em criança ou em adolescente se tinha sido abusado sexualmente por aquele homem a resposta teria sido não - um convincente e inabalável não. Eu é que tinha sido o abusador. A manipulação dele foi tão habilmente conseguida que cresci a acreditar que tinha sido eu, com 10 ano
Todos os casos são importantes quando falamos sobre violência sexual e é absurdo quantificá-los como poucos, como se não tivessem importância. E se um único caso é grave, o que dizer quando estes são desvalorizados por serem “pouquíssimos”?
A nova campanha da Gillette é um convite à reflexão sobre um conjunto de comportamentos e atitudes que são tóxicas e que limitam a educação e desenvolvimento dos rapazes. São valores que prejudicam os rapazes e raparigas, homens e mulheres. E se prejudicam, por que razão há tanta reação contestatóri